sábado, 14 de janeiro de 2012

Atividade física durante trabalho ou lazer diminuiu riscos de infarto

Estudo verificou que pessoas cujos trabalhos envolvem atividades físicas leves ou moderadas apresentaram risco de 11% a 22% menor de infarto

Uma pesquisa internacional concluiu que a atividade física, seja durante o trabalho ou em momentos de lazer, reduz significativamente os riscos de infarto em países desenvolvidos ou em desenvolvimento.

Em países emergentes e nos mais pobres a posse tanto de automóvel e de aparelho de televisão se mostrou relacionada ao maior risco de desenvolver problemas cardíacos.

Os resultados são do estudo Interheart, que avaliou mais de 20 mil pessoas em 262 localidades em 52 países nas Américas, Ásia, Europa, Oriente Médio, África e Oceania. Na América do Sul participaram pessoas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Guatemala e México. As conclusões foram publicadas na última quarta-feira (11) no European Heart Journal.

“Poucos estudos até agora focaram nos diferentes aspectos da atividade física tanto durante o trabalho como nos momentos de lazer em relação ao risco de ataques cardíacos”, disse Claes Held, do Hospital Universitário de Uppsala, na Suécia, um dos autores do estudo.

“Os resultados indicam que a atividade física leve ou moderada durante o trabalho ou em qualquer nível durante o lazer reduzem os riscos de infarto, independentemente de outros fatores de risco tradicionais, em homens e mulheres de todas as idades, na maior parte das regiões do mundo e em países com diferentes rendas per capita”, disse.

Os cientistas compararam os hábitos de 10.043 pessoas que tiveram infarto com os de 14.217 outros que não experimentaram o problema. Os resultados do estudo levaram em consideração diversos fatores que podem contribuir com aumento nos riscos de desenvolver problemas cardiovasculares, como idade, renda, consumo de álcool e de bebida alcoólica e dieta.

O estudo verificou que pessoas cujos trabalhos envolvem a realização de atividades físicas leves ou moderadas apresentaram risco de 11% a 22% menor de ter um infarto em comparação com aqueles cujas ocupações são eminentemente sedentárias. Entretanto, a atividade física pesada durante o trabalho não apresentou menor risco.

Durante os momentos de lazer, o risco de infarto se mostrou menor para todos os níveis de exercício quando comparados com o sedentarismo, reduzindo de 13% (para atividades físicas leves) a 24% (para atividades moderadas ou intensas).

De acordo com o estudo, qualquer atividade física é melhor do que sua ausência. Mesmo entre aqueles que se exercitavam nos momentos de lazer muito menos do que o indicado apresentaram menor risco de desenvolver infarto do que os totalmente sedentários.

Pessoas que tinham tanto automóvel como televisor em casa apresentaram um risco 27% maior de ter infarto do que aqueles que não possuíam nenhum dos bens.

O estudo observou que menos pessoas praticavam atividades físicas em momentos de lazer em países mais pobres do que nos mais ricos. “Isso pode ser explicado em parte por diferenças em educação e em outros fatores socioeconômicos ou culturais”, disseram os autores.

“Manter-se em forma durante a vida é uma das formas mais simples, baratas e eficientes de evitar problemas coronários”, concluíram.

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/atividade-fisica-durante-trabalho-ou-lazer-diminuiu-riscos-de-infarto

Segurança do cliente e as ações frente ao procedimento cirúrgico

Andréia Regina Lopes GrigoletoI, Fernanda Raphael Escobar GimenesII, Maria do Carmo Querido AvelarIII

I Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Descalvado, SP, Brasil. E-mail: andreiarlopes@ig.com.br.
II Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Professor, Faculdade Anhanguera de Piracicaba. Piracicaba, SP, Brasil. E-mail: fer_gimenes@yahoo.com.br.
III Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professor, Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho. São Paulo, SP, Brasil.



RESUMO 

O procedimento anestésico-cirúrgico é parte integrante da assistência à saúde, contribuindo na prevenção de agravos à integridade física e perda de vidas. Como estratégia na redução desses eventos a Organização Mundial da Saúde lançou a campanha “cirurgias seguras salvam vidas”. Com o objetivo de discutir as ações voltadas à segurança dos pacientes no período operatório, buscou-se no site da Organização Mundial da Saúde os estudos disponíveis sobre avanços na execução de procedimentos seguros, com a implementação do Checklist, na sistematização dos cuidados preconizados no centro cirúrgico, que garantam alta eficácia e baixo custo. O estudo explicita e discorre sobre a estratégia de utilização do Sistema “Checklist”, apresentando ações específicas que permeiam três momentos do procedimento anestésico-cirúrgico. A implementação do Checklist confere o alcance do procedimento correto, pela equipe correta e paciente correto, tendo em vista estabelecer processos seguros na realização da cirurgia.

Descritores: Enfermagem; Cirurgia; Gerenciamento de Segurança; Organização Mundial da Saúde.  

INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos e científicos na área da saúde têm propiciado aumento significativo no número de intervenções cirúrgicas ao redor do mundo, as quais são, muitas vezes, realizadas em condições inseguras interferindo na promoção e na recuperação da saúde dos clientes. A qualidade do cuidado e a segurança dos clientes assumem, portanto, papel de relevância, sendo reconhecida como a Era da Segurança(1).
Neste contexto, as discussões sobre a segurança dos clientes têm-se ampliado consideravelmente no meio científico e assistencial, visto que a ocorrência de eventos adversos vem-se acentuando nas instituições hospitalares representando um grave problema de saúde pública.
Entretanto, a partir de 1999, este assunto despertou maior atenção do público norte americano bem como de profissionais e instituições de saúde ao redor do mundo, com a publicação do relatório do Instituto de Medicina Americano intitulado “To Err is Human”. Este relatório revelou que cerca de 44.000 a 98.000 pessoas morriam todos os anos nos Estados Unidos devido aos erros na assistência médico-hospitalar(2). O erro na área da saúde envolve, primeiramente, o reconhecimento de que os profissionais desta área, como quaisquer outros seres humanos, podem cometê-lo e que ele acompanha a condição humana(3).
Nenhum profissional deseja cometer erros, todavia, quando estes ocorrem, na maioria das vezes, procura-se escondê-los devido ao medo das ações punitivas, impossibilitando a análise crítica de suas origens(4).  Por conseguinte, os fatores causais permanecem latentes, implicando em novas ocorrências. Neste sentido, visando diminuir a sua frequência, faz-se necessário a realização de uma análise crítico-reflexiva dos processos envolvidos na identificação das suas causas, de forma a removê-los do sistema como um todo, impedindo a ocorrência de novos eventos(4).
Estudo australiano(5) revelou que os eventos adversos foram responsáveis por um aumento de 8% no tempo de hospitalização dos clientes e por um acréscimo nos custos de $4,7 bilhões de dólares anuais para o sistema de saúde daquele país. 
No Reino Unido, as taxas de complicação, entre as principais cirurgias, eram de 20-25%, com uma mortalidade de 5 a 10%. Entretanto, pelo menos, 30 a 50% das complicações, ocorridas entre clientes submetidos a procedimentos anestésico-cirúrgicos gerais, foram considerados evitáveis(6).
No que diz respeito às intervenções cirúrgicas, estas integram a assistência a saúde contribuindo com a prevenção de agravos à integridade física e à perda de vidas, no entanto, está associada, consideravelmente, a riscos de complicações e morte(7).
Atualmente, 234 milhões de cirurgias são realizadas anualmente em todo o mundo, o que significa uma operação a cada 25 pessoas, explicitando que a segurança do cliente é de significativa importância para a saúde pública. Além disso, estimativas anteriores apontaram que 7 milhões de clientes sofreram complicações após a cirurgia, das quais, 50% delas poderiam ter sido evitadas(8-9).
A Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO), desde julho de 2004, exige que as organizações acreditadas estejam empenhadas na aplicação do Protocolo Universal que, constitui-se de um instrumento de prevenção de acidentes. A princípio, sua aplicação pode parecer incômoda e redundante, mas há grande probabilidade de eliminar ocorrências desastrosas em situações de cirurgia/ procedimentos invasivos. Este protocolo, baseado no consenso de profissionais pertencentes às várias especialidades cirúrgicas, vem sendo apoiado por mais de 40 associações médicas e organizações de saúde(10).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segurança do cliente pode ser alcançada por meio de três ações complementares: evitar a ocorrência dos eventos adversos, torná-los visíveis se ocorrerem e minimizar seus efeitos com intervenções eficazes(11).
Desta maneira, as discussões sobre as origens dos erros na assistência à saúde devem fazer parte das rotinas hospitalares, num processo de vigilância contínua para que suas causas possam ser identificadas, detectando assim erros potenciais, bem como, direcionando esforços no intuito de incorporar na prática clínica estratégias baseadas em evidências, como por exemplo, o Checklist sobre “cirurgias seguras”, lançado pela OMS.
Com base nesta realidade, fica evidente a importância das instituições reconhecerem as fragilidades e vulnerabilidades de seus sistemas no intuito de identificarem as origens dos erros de forma a corrigi-los, tornando a assistência ao cliente mais eficaz e segura. 
Diante da abrangência do tema, o presente estudo teve como foco a prevenção de erros em procedimentos anestésico-cirúrgicos ou invasivos, visualizando a segurança do cliente no período operatório. Trata-se de um texto de atualização, tomando-se como base as publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre “Cirurgias seguras salvam vidas”, cujo objetivo foi discutir sobre as ações preconizadas pela OMS para a segurança do cliente frente ao procedimento cirúrgico.

A SEGURANÇA NAS CIRURGIAS E O CHECKLIST COMO ESTRATÉGIA PARA A SEGURANÇA OPERATÓRIA

Em 25 de junho de 2008, a OMS lançou oficialmente em Washington a campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, como um dos desafios propostos pela Aliança Mundial para Segurança do Paciente. A Association of Perioperative Registered Nurses (AORN), em apoio à campanha, afirma que o programa embasado no sistema de Checklist corrobora para a conscientização global, bem como reforça a mensagem de que, se implantado em base sólida, contribuirá, para a realização de cirurgias seguras(12).
A segurança do cliente tem como definição, a redução e/ ou atenuação de atos considerados inseguros, atrelados ao sistema de assistência à saúde, bem como ao emprego das melhores práticas, no intuito de obter os resultados esperados(13).
O esforço em proporcionar a melhor assistência possível, intrínseca aos profissionais da saúde, já não é considerado por si só um comportamento que evita a ocorrência de falhas e acidentes relacionados à assistência prestada aos clientes, exigindo dessa forma, comprometimento da equipe de saúde e gestores institucionais, num processo que sistematiza o cuidado seguro no centro cirúrgico(14).
Ressalta-se ainda que, a segurança do cliente reflete direta e intimamente a qualidade da assistência prestada a população e esta, por sua vez, tem adquirido mais ciência de seus direitos, estabelecendo critérios que refletem suas escolhas e atitudes, diante dos serviços de saúde.
O Checklist, “Cirurgias seguras salvam vidas”, desenvolvido pela OMS foi criado com o intuito de auxiliar as equipes operatórias na redução das ocorrências de danos ao cliente. A Aliança Mundial para a Segurança do Paciente contou com vários colaboradores de todas as regiões do mundo, das diversas especialidades cirúrgicas, profissionais da área da saúde e correlatas, clientes e grupos de segurança do cliente. Juntos, identificaram os itens de segurança a serem verificados, de forma que pudessem ser colocados em prática em qualquer sala de operação, resultando, dessa forma, no sistema Checklist, que visa reforçar a segurança operatória com práticas corretas e promover uma melhor comunicação e trabalho em equipe(15).
Como prática internacional baseada em evidências, o Checklist apresenta-se dividido em três momentos: o 1º “Sign in”; o 2º “Time out” e o 3º Sign out” (Figura 1), devendo ser coordenado por um elemento da equipe operatória, a qual compreende cirurgiões, anestesiologistas, enfermeiros, técnicos e demais profissionais envolvidos. Essa equipe deve trabalhar transdisciplinarmente, uma vez que todos são responsáveis pelo cuidado seguro do cliente, cada qual no desempenho de sua função, garantindo o sucesso do procedimento cirúrgico(7,16).
figura1

A SEGURANÇA RELACIONADA AO PERÍODO PRÉ INDUÇÃO ANESTÉSICA

I - O primeiro momento do Checklist expresso pelo “Sign In”, realizado antes da Indução Anestésica, estabelece a presença obrigatória do anestesiologista e enfermeiro, seguindo-se as propostas de ações, abaixo descritas:
Confirmação da identidade do cliente:confirma-se verbalmente com o cliente a sua identidade, o tipo de procedimento previsto, o local da cirurgia e o documento com a assinatura do seu consentimento para a cirurgia ou do seu responsável legal.
Marcação do sítio cirúrgico: confirma-se, o local correto marcado pelo cirurgião para a cirurgia, geralmente com uma caneta própria. Alerta-se para os casos que envolvem lateralidade, isto é uma distinção para a esquerda ou para a direita, ou múltiplas estruturas ou níveis (por exemplo, dedo, lesão cutânea, vértebra). Estruturas de linha média ou estruturas simples seguirão a prática local.
Segurança na anestesia: checa-se, formalmente, com o anestesiologista os equipamentos, medicamentos e riscos anestésicos do cliente. Deve-se confirmar a disponibilidade e funcionalidade dos equipamentos para manutenção das vias aéreas; administração de oxigênio e agentes inalatórios; carro de anestesia; aspirador; medicamentos e dispositivos de emergência.
Oxímetro de pulso, instalação e funcionalidade:confirma-se que o oxímetro de pulso foi colocado, bem como os parâmetros ajustados e se os alarmes sonoros estão funcionando, antes da Indução da Anestesia. Preferencialmente, a leitura da oximetria de pulso deve ser visível para a equipe operacional. A oximetria de pulso tem sido altamente recomendada como um componente necessário de cuidados de anestesia segura pela OMS.
O cliente tem alguma alergia conhecida?:A verificação deve ser dirigida ao anestesiologista. Em caso afirmativo, perguntar: Qual? Isso deve ser feito, a fim de confirmar se o anestesiologista está ciente da presença de alergias e que riscos representam para o cliente. Se o coordenador ou outro profissional da equipe tem conhecimento de uma alergia do cliente, esta informação deve ser comunicada especificamente ao anestesiologista.
Via aérea difícil: confirma-se com o anestesiologista se foi realizada uma criteriosa avaliação quanto às vias aéreas do cliente. Exemplo, na avaliação da distância tireomentoniana, a pontuação entre 3 e 4 indica dificuldade de intubação e necessidade de preparação da equipe e de equipamentos de emergência. Outro profissional, capacitado na execução da técnica de intubação, deve estar junto ao anestesiologista para atendimento de urgência.
Risco de broncoaspiração: deve também ser analisado como parte da avaliação da via aérea. Se o cliente tiver sintomas de refluxo ativo ou resíduo gástrico, o anestesiologista deve se preparar para a possibilidade de aspiração traqueobronquica. O risco pode ser reduzido, modificando-se o plano de anestesia. 
Risco de perda sanguínea > 500mL/ (7mL/kg em crianças): questiona-se o anestesiologista sobre os riscos do cliente quanto à perda sanguínea durante a cirurgia, a fim de assegurar o reconhecimento e a preparação para este evento crítico (risco de choque hipovolêmico). Se o profissional de anestesia não sabe informar sobre o risco de perda sanguínea, é importante discutir o problema com o cirurgião antes da Indução da Anestesia. Se houver um risco significativo de perda sanguínea, maior que 500 ml, é altamente recomendável instituir, pelo menos, dois acessos intravenosos calibrosos ou um acesso venoso central antes da Incisão da Pele. Além disso, a equipe deve confirmar a disponibilidade de hemocomponentes e discutir o planejamento para reposição.
Ao completar a primeira parte “Sign in”, a Indução Anestésica poderá ser iniciada.

A SEGURANÇA RELACIONADA AO PERÍODO PRÉ INCISIONAL

II - O segundo momento do Checklist, denominado “Time Out”, compreende uma pausa momentânea, tomada pela equipe, antes da Incisão da Pele, a fim de confirmar itens essenciais à segurança do cliente, a qual envolve ações de toda a equipe.
Confirmar os nomes e as funções de todos os membros da equipe: pede-se a cada membro da equipe apresentar-se dizendo seu nome e sua função, incluindo estudantes ou outras pessoas presentes. Essa simples rotina auxilia no gerenciamento das ações de cada componente da equipe, em possíveis momentos críticos.
Cirurgião, anestesiologista e enfermeiro confirmam: cliente, a cirurgia, o local e o posicionamento na mesa operatória: Este passo é o padrão de "Time Out" e cumpre as normas das agências reguladoras nacionais e internacionais. Antes que o cirurgião faça a Incisão da Pele, a pessoa que coordena o Checklist ou outro membro da equipe pedirá a todos os presentes na sala de operação para que, atentos a esta fase, verbalmente confirmem o nome do cliente, a cirurgia a ser realizada, o local, e o posicionamento do cliente na mesa operatória, a fim de evitar erros, certificando-se do procedimento correto; do paciente certo e da equipe certa.
Antecipação de eventos críticos: o Coordenador do Checklist conduz uma rápida discussão entre o cirurgião, o anestesiologista e a equipe de enfermagem sobre situações críticas e sobre o planejamento da segurança. Caso não haja nada específico a ser dito, o profissional pode simplesmente declarar que não há nada fora do rotineiro a ser lembrado.
Revisão do cirurgião:o cirurgião pode dimensionar de forma mais apropriada a perda do volume sanguínea, em que momento precisará de reposição e de equipamentos especiais ou sobre fases da cirurgia que serão críticas, duração estimada ou outros fatores complicadores da evolução do paciente.
Revisão do anestesiologista: o anestesiologista poderá comunicar as preocupações relativas ao cliente; o planejamento para possíveis perdas sanguíneas; a presença de alguma patologia de base que não possa ser esquecida, ou qualquer outro item que pareça ser relevante relatar para toda a equipe.
Revisão da enfermagem: deve-se confirmar se os equipamentos estão adequados e funcionantes; checar materiais/ instrumentais quanto ao processo de esterilização, pois caso não esteja, isso deve ser corrigido antes da Incisão da Pele; deve-se também, caso necessário, verificar se há alguma alteração do plano inicial, gerando necessidade específica quanto a qualquer material ou equipamento que será utilizado durante o procedimento cirúrgico.
Profilaxia com antibióticos: na prática cirúrgica este item é considerado fundamental na redução da infecção de sítio cirúrgico. Questiona-se o anestesiologista quanto à dose de antibiótico profilático administrada nos últimos 60 minutos. Caso não tenha sido administrado, fazê-la antes da Incisão da Pele. Caso tenha sido administrada há mais de 60 minutos, a equipe deve considerar que a dose seja refeita. Nas situações onde o cliente estiver recebendo tratamento com antibióticos, este item passa a ser irrelevante.
Exames de imagem: são considerados como de fundamental importância para a realização de inúmeras cirurgias. Perguntar à equipe sobre a necessidade dos exames de imagem relacionadas à cirurgia. Caso a resposta seja negativa, deixar este item checado como “não se aplica”. Nos casos onde o exame de imagem se faz necessário, providenciá-lo.
Ao término do “Time Out”, procede-se ao Ato Operatório. Ao final do procedimento cirúrgico, o próprio cirurgião solicita a checagem da fase, explicitada a seguir.

A SEGURANÇA RELACIONADA AO FINAL DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

III - O terceiro momento do Checklist, “Sign Out”, é iniciado e pode ser realizado durante o fechamento da ferida operatória. Deve-se completar todos os itens antes da retirada do cliente da sala cirúrgica. Parte da função desta fase do “Checklist” é garantir os cuidados no pós-operatório. Seguem-se as exigências de revisão desta fase:
Procedimento realizado: a enfermeira confirma verbalmente com o cirurgião e com a equipe o nome do procedimento cirúrgico realizado. Vale reforçar que pode ocorrer mudanças ou expansão do procedimento, advindo daí a importância da informação.
Conferência de instrumentos cirúrgicos, compressas e agulhas: a checagem e contagem correta devem ser confirmadas pelo instrumentador e circulante de sala, em voz alta. Atenção especial deve ser dada às cirurgias de cavidade aberta. Na falta de algum item, checar lixos, campos, hamper e cavidade cirúrgica, se necessário. Solicitar exames de imagem.
Identificação de materiais para exame anatomopatológico: as falhas na identificação do material podem gerar sérios erros nos laboratórios de análise e prejudicar o cliente por falta ou troca de diagnósticos. O circulante de sala deve, em voz alta, confirmar com a equipe cirúrgica alguns dados, tais como: nome do cliente, o material e outras informações pertinentes conforme rotina da instituição: data, cirurgião, convênio.
Equipamentos com problemas: equipamentos ou instrumentos com falhas e avarias necessitam ser identificados, descritos, bem como, encaminhados à manutenção para serem corrigidos antes de serem utilizados em uma próxima cirurgia.
Recuperação do cliente: o cirurgião, o anestesiologista e o enfermeiro necessitam revisar todos os cuidados específicos necessários à assistência do cliente, focando em especial, problemas intra-operatórios ou anestésicos que poderão afetá-lo em sua recuperação pós-anestésica e pós-operatória. O objetivo desta etapa é a transferência eficiente, adequada e correta das informações críticas do cliente para toda a equipe.
Concluindo-se esta etapa, o Checklist de Segurança para Cirurgias está finalizado, podendo ser anexado ao prontuário do cliente, ou utilizado em análises de controle de qualidade do Serviço / Instituição.

BASES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO CHECKLIST

O “Checklist” foi estudado quanto a sua aplicabilidade entre outubro de 2007 e setembro de 2008 em oito hospitais de cidades diferentes (Toronto-Canadá; Nova Deli-Índia; Amã-Jordânia; Auckland-Nova Zelândia; Manila-Filipinas; Ifakara-Tanzânia; Londres-Inglaterra, e Seattle-WA), representando uma variedade de circunstâncias econômicas e diferentes populações(18). Prospectivamente, foram coletados dados sobre os processos clínicos antes e depois do “Checklist” ser implementado. Os resultados demonstraram melhorias significativas, com redução das taxas de mortes e de complicações para mais de um terço, nos oito hospitais-piloto. Após a implantação do “Checklist”, a taxa de complicações hospitalares caiu de 11% para 7%, e a de mortalidade, no pós-operatório de cirurgias de grande porte, de 1,5% para 0,8%(18).
Os eventos que comumente resultam em erros nas salas de cirurgia são passíveis de serem evitados. No entanto, a equipe operatória deve entendê-los como reais, levantando-os por meio de pesquisas locais, instituindo um “Checklist” adequado à realidade de cada instituição.
Apesar do “Checklist” elaborado pela OMS ter sido construído com base em evidências científicas, bem como opiniões de especialistas quanto à sua eficácia em reduzir a probabilidade de eventos adversos, a adequação do instrumento à realidade vivenciada é uma necessidade estimulada pela Organização. No entanto, deve prevalecer a sensatez e coerência da equipe operatória, a qual deverá integrar passos essenciais dessa estratégia à segurança do cliente.
No Brasil, implementar uma estratégia que visa a segurança do cliente calcada em estudos científicos previamente elaborados e divulgados e com baixo custo vem ao encontro das perspectivas socioeconômicas do país, conferindo o alcance do procedimento correto, pela equipe correta e paciente correto, tendo em vista estabelecer processos seguros na realização da cirurgia. Mesmo assim, há outros desafios a serem enfrentados, como por exemplo, o trabalho transdisciplinar. Transpondo-se esta barreira e instituindo a estratégia na prática clínica, espera-se obter o sucesso no gerenciamento dos riscos operatórios conforme resultados dos estudos já realizados(7,16).
O fortalecimento da equipe neste processo deve levar em consideração aspectos como o aprimoramento da comunicação, o inter-relacionamento dos elementos integrantes da equipe em sala de operações, somados à sistematização das ações que integram os três grandes momentos do procedimento anestésico-cirúrgico: “Sign in”; “Time out” e “Sign out”.

CONCLUSÃO

O estudo explicita e discorre sobre a estratégia de utilização do Sistema “Checklist”, apresentando ações específicas que permeiam os três momentos do procedimento cirúrgico, tendo em vista garantir a segurança do cliente.
A referida estratégia é proposta para ajudar a minimizar os riscos mais comuns e evitáveis relacionadas ao procedimento cirúrgico, ficando estabelecido uma seqüência de ações correspondendo a um período de tempo relativo ao fluxo normal do procedimento. Assim, antes da “indução anestésica”, ou seja, num primeiro momento, o responsável pela verificação das ações previstas no “Checklist” revê a identidade e o consentimento do cliente, o local e o procedimento; oxímetro instalado e em perfeito funcionamento; risco de perda sanguínea; dificuldade das vias aéreas e reações alérgicas, acesso venoso e plano para o posicionamento em mesa operatória, estes visando garantir plena segurança no momento anestésico.
Num segundo momento, “antes de iniciar a cirurgia”, cada membro da equipe apresenta-se pelo nome e função; confirma o nome do cliente; procedimento cirúrgico e posição na mesa operatória; revisão sobre o risco de perda sanguínea; possíveis reações alérgicas e dificuldades com as vias aéreas, bem como outros fatores significativos.
As ações relativas ao terceiro momento do “Checklist”, “antes do cliente sair da Sala Cirúrgica”, envolve analisar em conjunto, a cirurgia realizada; contagem de compressas, instrumentais e agulhas; rotulagem de materiais para exame anatomopatológico; avarias em equipamentos.
A coordenação do processo de verificação por uma única pessoa é essencial para o seu sucesso, sendo esta no geral uma enfermeira.
O estabelecimento de uma cultura de trabalho voltado à segurança do paciente é o cerne da questão relacionada a eventos adversos, compondo o grande desafio da campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas”.

REFERÊNCIAS

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3. Leape LL. Error in medicine. JAMA. 1994; 272 (23):1851-57.
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8. Weiser TG, Regenbogen SE, Thompson KD,  Haynes AB, Lipsitz SR, Berry WR, et al. An estimation of the global volume of surgery: a modelling strategy based on available data. The Lancet. 2008;372(9633):139-44.
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11. OMS. World alliance for patient safety. Implementation manual surgical safety Checklist (first edition). Safe Surgery saves lives. 2008. [cited 2009 Sept 05]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/safesurgery/tools_resources/SSSL_Manual_finalJun08.pdf
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13. The Canadian Patient Safety Dictionary. [cited 2009 Sept 05]. Available from: http://rcpsc.medical.org/publications/PatientSafetyDictionary_e.pdf.
14. Quinto Neto A. Segurança dos pacientes, profissionais e organizações: um novo padrão de assistência à saúde. RAS 2006; 8(33): 153-158.
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18. Haynes AB, Weiser TG, Berry WR, Lipsitz SR, Breizat A-HS, Patchen Dellinger E, et al. For the Safe Surgery Saves Lives Study Group. Surgical Safety Checklist to Reduce Morbidity and Mortality in a Global Population. The New England Journal of Medicine 2009;5(360):491-499.


Artigo recebido em 02.07.2010.
Aprovado para publicação em 21.06.2011.
Artigo publicado em 30.06.2011.

Fonte: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n2/v13n2a22.htm

A experiência da família no cuidado domiciliário ao doente com câncer: uma revisão integrativa

Juliana Stoppa Menezes RodriguesI, Noeli Marchioro Liston Andrade FerreiraII

I Enfermeira, Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de São Carlos. São Carlos (UFSCAR), SP, Brasil. E-mail: enf_juliana@hotmail.com.
II Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professor Associado, UFSCAR. São Carlos, SP, Brasil. E-mail: noeli@ufscar.br.



RESUMO

A inserção da família na assistência é um desafio, com o aumento da cronicidade é uma realidade observada especialmente nos cuidados domiciliários. Este estudo objetivou buscar e avaliar evidências científicas sobre a experiência da família no cuidado domiciliário ao adulto com câncer. Revisão integrativa de literatura, realizada nas bases LILACS, BDENF, SciELO, MEDLINE utilizando as palavras-chave “família”, “neoplasia“ OR “câncer” e “cuidado domiciliar” OR “assistência domiciliar”. Critérios para seleção: publicações indexadas nas bases de dados escolhidas e palavras-chave selecionadas, publicadas até dezembro 2010, com textos completos disponíveis.  Foram identificadas 16 publicações e possibilitaram analisar a experiência da família no cuidado domiciliário, mostrando sua crescente inclusão e busca por apoio. A família encara o câncer como ameaça a vida, o impacto do cuidado e a importância da espiritualidade no enfrentamento foram apontados. Portanto, prover suporte a família é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com câncer.

Descritores: Assistência domiciliar; Neoplasias; Família; Enfermagem familiar.


INTRODUÇÃO

Cuidar de doentes em casa é uma prática antiga, mas com a institucionalização dos serviços de saúde, as exigências da vida moderna e os avanços da medicina deixaram de ser rotineira. Atualmente, com o envelhecimento da população, o aumento das condições crônicas e a política nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) visando a desospitalização, essa prática tem sido resgatada, estimulando o cuidado domiciliário com a participação da família.
O cuidado domiciliário tem ganhado mais espaço, principalmente, na atenção as doenças crônicas, como o câncer. Este por ser de progressão lenta e ter um curso frequentemente prolongado, exige adaptações e mudanças no estilo de vida não apenas do doente, mas de sua família, pois esta passa a ter em casa uma pessoa que necessita de cuidados específicos(1).
Neste contexto, a assistência integral ao doente oncológico tem se tornado um grande desafio, especialmente, quando este se encontra dependente e/ou em fases avançadas da doença, necessitando de maior atenção e cuidado por parte da família. A assistência domiciliária envolve não apenas a prática do cuidado em si, mas abarca ações de promoção e prevenção, o tratamento da doença e a reabilitação, situações que se correlacionam com questões sociais específicas, como políticas de saúde, habitação, emprego, saneamento básico e condições de vida(2-3). Por esse motivo, o cuidado domiciliário precisa ser planejado e desenvolvido de acordo com a necessidade e realidade de cada família(2-3).
Os cuidados domiciliários realizados por familiares sofrem influências oriundas das experiências de vida da família, tal influência pode ser observada em todo o processo e evolução da doença; desde o início, com a confirmação do diagnóstico, até a fase final, de cura ou morte(4-5). Ao considerar o doente dentro de seu contexto familiar e por serem sujeitos ativos em todo o curso da doença, o cuidado domiciliário é extremamente complexo(6-7).
Por isso, conhecer como a família experiencia o cuidado domiciliário dispensado à pessoa com câncer e as concepções frente a essa assistência traz esclarecimentos para implementar uma assistência adequada às reais necessidades do binômio doente-família(3,8).
Essas condições justificam o interesse em desenvolver uma revisão integrativa sobre as produções científicas em cuidado domiciliário ao doente com câncer e a participação da família nessa assistência, para interpretar o conhecimento produzido nessa temática, visando guiar a prática e o desenvolvimento de futuras investigações. Nesse aspecto, a questão norteadora é: Qual o conhecimento científico produzido sobre a experiência da família do doente com câncer no cuidado domiciliário?
Frente a isso, o objetivo do presente estudo foi buscar e avaliar as evidências disponíveis na literatura sobre o conhecimento científico produzido relacionado à experiência da família no cuidado domiciliário ao doente adulto com câncer.

METODOLOGIA

Optou-se pelo método de pesquisa Revisão Integrativa da literatura, cuja finalidade é reunir e sintetizar resultados de pesquisas anteriores sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado, cooperando para que os resultados de pesquisas se tornem mais acessíveis(9-10).
As revisões integrativas seguem os pressupostos da PBE (Prática Baseada em Evidencias), possuem o mesmo rigor de pesquisas primárias e se torna uma estratégia metodológica na investigação de temas com estudos insuficientes ou lacunas no conhecimento. Para a realização da revisão integrativa utilizou-se as seis etapas propostas: 1) identificação do tema e formulação da questão norteadora, 2) busca na literatura e seleção criteriosa das pesquisas, 3) categorização dos estudos encontrados, 4) análise dos estudos incluídos, 5) interpretação dos resultados e comparações com outras pesquisas, 6) relato da revisão e síntese do conhecimento evidenciado nas pesquisas(10).
Quando o foco de uma revisão se limita a dados numéricos extraídos substancialmente de pesquisas quantitativas, a seleção da amostra é baseada em atender ou não os critérios de inclusão quanto à população, intervenção e conclusões de interesse clínico, porém, quando as pesquisas são qualitativas e focam aspectos subjetivos, não há preocupação em mensurar níveis de evidência, construir conceitos e formular condutas(11).
Tendo como foco a experiência da família no cuidado ao doente com câncer é de se esperar que nossa revisão reúna pesquisas eminentemente qualitativas. Nesse sentido, para a manutenção do rigor científico, a inclusão dos artigos nesta revisão foi baseada nos critérios adotados por Estabrooks et al(12), ou seja, estudos que concentraram a mesma população (doente adulto com câncer) e estudos com abordagens de investigação semelhantes (pesquisas que discorrem sobre a experiência da família dessa população).
Autores afirmam que a síntese de conhecimentos não necessariamente está limitada a resultados obtidos em pesquisas quantitativas, pois uma compreensão crítica de dados qualitativos gera informações relevantes para a prática clínica, não referente à eficácia de uma dada intervenção, mas sim, referente ao impacto de uma intervenção sobre uma determinada população(11,13-14).
Os métodos para se realizar uma revisão de estudos qualitativos ainda estão em construção, e embora haja investimentos em pesquisas que buscam a identificação das melhores estratégias de integração dos resultados, são diversas as maneiras propostas(11).
Assim, optamos pela metodologia utilizada em uma Revisão Integrativa sobre as pesquisas de enfermagem oncológica no Brasil(13) que considerou em todo seu processo os pressupostos de pesquisadores que atuam com revisões de publicações qualitativas.
Após a formulação da questão a ser pesquisada, foi realizado um levantamento bibliográfico via internet em quatro bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde, disponível em http://www.bireme.br), BDENF (Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem, disponível em http://www.bireme.br), SciELO (Scientific Electronic Library Online, disponível em http://www.scielo.br) e MEDLINE/PUBMED (Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line, disponível em http://www.bireme.br).
A internet tem se tornado um instrumento de grande valor científico, por facilitar o processo de busca de informações nas bases de dados. Para o levantamento foram utilizadas as palavras “família”, “neoplasia“ OR “câncer” e “cuidado domiciliar” OR “assistência domiciliar”, nos idiomas português, inglês e espanhol acompanhados da expressão boleana AND.
Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: publicações indexadas nas bases de dados escolhidas e palavras-chave selecionadas, publicadas até dezembro 2010, cujos textos completos tinham disponibilidade pública.
As publicações foram lidas na íntegra e um instrumento de coleta de dados foi desenvolvido e preenchido para cada uma, contendo critérios que permitiram a investigação das várias dimensões dos estudos e também a obtenção de dados específicos, como título, autores, fonte, objetivo, metodologia, sujeitos, principais resultados e conclusões(15).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A princípio foram encontradas 92 referências nas bases de dado: LILACS (13), BDENF (10), SciELO (04) e MEDLINE/PUBMED (65).
Após a sobreposição destes foram excluídas 40 publicações repetidas, permanecendo 52 referências distintas, porém, apenas 30 continham o texto completo para disponibilidade pública e destes quatro foram eliminadas por ser em idioma japonês (03) e sueco (01). Após a leitura dos resumos, cinco artigos foram eliminados por não corresponder à temática proposta e cinco por se tratar de crianças. Das 16 publicações restantes, nove eram da LILACS e sete da MEDLINE. As publicações estão descritas no Quadro 1, classificadas segundo a ordem em que foram encontrados durante o processo de busca.
quadro1

Caracterização das publicações

A análise criteriosa das publicações possibilitou a obtenção das informações mais relevantes. Assim, das 16 publicações analisadas, três eram reflexões (P7, P10, P12) que discorreram, além da temática, os aspectos que permeiam a decisão de cuidar ou não no domicílio e o apoio e cuidado integral ao doente com câncer.
Cinco pesquisas (P1, P2, P11, P13, P14) focaram a família como unidade de cuidado, quatro (P6, P8, P15, P16) destacaram as vivências dos principais cuidadores familiares, três (P3, P5, P9) trouxeram a visão dos doentes sobre o cuidado no domicílio e uma (P4) focou as estratégias de amparo à família do doente com câncer. 
Com relação ao ano de publicação, observou-se que um artigo foi publicado em 1996, havendo uma pausa de quatro anos para os artigos posteriores, um artigo foi publicado em 2000, seguido de dois anos sem publicações sobre a temática. A partir de 2003 houve publicações anuais, sendo três em 2003, uma em 2004, duas em 2005, duas em 2006, duas em 2007, uma em 2008, duas em 2009 e uma em 2010.
Esse fato demonstra que a preocupação com os cuidados domiciliares prestados pela família aos doentes oncológicos é algo recente. A tendência de indicar a permanência de doentes crônicos em casas, sob os cuidados de sua família visa à redução de custo da assistência hospitalar, em muitos países, inclusive no Brasil. Porém, esse fato tem sido discutido recentemente e ainda não se tem diretrizes para guiar o doente e seus familiares nesses cuidados. Daí a necessidade de que, ao se propor que a família preste os cuidados domiciliares, a estrutura familiar seja examinada quanto ao preparo e competência para cuidar de acordo com a cultura e crenças onde os cuidados serão desenvolvidos(16-17).
Com relação à autoria, 75% são enfermeiros e 25% são profissionais de saúde de outras áreas (médica e políticas públicas). Dentre os artigos analisados, 75% estão publicados em periódicos nacionais, e 25% internacionais, sendo 18,6% originários dos EUA e 6,4% da Europa.
Com relação à distribuição demográfica nacional, os artigos foram desenvolvidos exclusivamente nas regiões sul (56%) e sudeste (18%); mesmo sendo considerada a região mais desenvolvida do país, a Região Sul possui aproximadamente 28 milhões de habitantes, o que corresponde a 14,6% da população nacional e por ter altas taxas de urbanização, desenvolvimento socioeconômico e um grande número de idosos, o perfil do câncer na região se diferencia do perfil nacional, possuindo características semelhantes a dos países desenvolvidos, isso justifica uma maior preocupação em desenvolver produções científicas dessa temática.
Quanto ao veículo de publicação, temos que 63% foram publicados em periódicos específicos de enfermagem, 13% em revista de saúde com ênfase às pesquisas de enfermagem e 6% tese de enfermagem, destacando o fato dos enfermeiros serem importantes agentes de saúde na inclusão da família nos cuidados(18-19).
Os artigos analisados trouxeram objetivos diversos com relação à experiência da família no cuidado domiciliário ao doente oncológico, dentre eles destacam-se: desvelar as concepções destes familiares; conhecer como eles vivenciam esse cuidado; saber o que sentem com relação aos cuidados; avaliar suas experiências; compreender as formas desses cuidados; compreender a vivência dessa família; discutir modelos de cuidados domiciliários; captar a essência desses cuidados, dentre outros.
Ao analisar as abordagens metodológicas dos artigos estudados houve dificuldade em identificar a metodologia utilizada, uma vez que, nem sempre estava explícito o método: 44% deixaram claro a utilização de um referencial metodológico qualitativo (fenomenologia 25%, interacionismo simbólico em 13% e pesquisa-ação 6%), 18,5% dos estudos tratavam-se de reflexões, 13% eram de estudos descritivo-exploratório, 6% citavam apenas o uso da Análise de Conteúdo de Bardin como técnica; e por fim 18,5% não especificaram nenhuma abordagem.
Estudos quantitativos permitem mensurar a importância da família no contexto do cuidado, a gravidade de sobrecarga de trabalho da família com relação aos cuidados, os riscos em desenvolver cuidados errôneos por déficit de conhecimento, além de tendências de agravos de saúde aos doentes e/ou dos membros familiares. Enquanto que as abordagens qualitativas permitem descrever as experiências da família, atribuir significados e sentidos às suas percepções, explorar e interpretar o fenômeno para compreendê-lo sob o ponto de vista das pessoas que o experienciam. Ambas as abordagens metodológicas podem ser utilizadas trazendo complementaridade, gerando novos conhecimentos(11).
Embora, os pesquisadores tenham aumentado seu interesse em estudos com abordagem metodológica qualitativa, o reconhecimento desse esforço não tem sido suficiente para aumentar a credibilidade e elevar o status dessas pesquisas(14). Na perspectiva da Prática Baseada em Evidências (PBE) há reconhecimento da importância de tais pesquisas, mas ainda são poucas as pesquisas que trazem em seu texto implicações práticas ou indicações de futuras investigações, para a área de saúde(11,13).
Tal situação se dá pelo fato das evidências obtidas de estudos qualitativos ainda serem marginalizadas do processo de decisão quanto à assistência à saúde, embora os achados de pesquisas qualitativas também possam servir de base na tomada de decisões práticas/assistenciais, pois exploram, principalmente, crenças e valores, expectativas e compreensão dos doentes, familiares e/ou profissionais, trazendo consigo um quadro teórico que pode ser agregado a modelos médicos assistenciais(11)
Tais modelos, ao serem sintetizados sistematicamente, com rigor científico, permitem a descrição das características e métodos utilizados e, a organização de seus resultados possibilita a melhoria da prática baseada nas evidências geradas(11). Nesse sentido, também quando aplicado às pesquisas qualitativas sintetizam resultados que viabilizam uma melhor compreensão e uma nova interpretação dos fenômenos, trazendo contribuições contextuais para a prática.
Assim é que com a análise detalhada dos artigos, foi possível identificar as temáticas trazidas pelos textos e obter um melhor esclarecimento sobre como a família experimenta o cuidado domiciliário ao doente com câncer, sendo elas: o câncer como ameaça; sentimentos e emoções que emergem do cuidar; a inclusão da família na tomada de decisões; a busca por apoio; as dificuldades do cuidar em domicílio; a importância da espiritualidade; a experiência com a situação de terminalidade; as necessidades de adaptação a uma nova situação; a motivação para o cuidado; e a importância dos profissionais de saúde para o suporte ao cuidado domiciliário.
A seguir o conteúdo dos artigos será apresentado e discutido, sendo esses identificados por algarismos arábicos segundo o Quadro 1.
A análise das publicações confirmou o fato da família encarar o câncer como uma ameaça de morte, uma doença que demonstra a fragilidade do ser humano, cujo diagnóstico está associado ao medo, a perdas e sofrimentos (P1, P5, P11 e P14). Assim, a necessidade de prestar cuidados domiciliários gera na família e no doente uma gama de emoções: sofrimento, medo, sentimentos de culpa, desesperança, angústia, tristeza e insegurança, em contraste com o poder das crenças, esperança, sentimentos de gratidão e fé. Foram citados diversas emoções e sentimentos, tendo um ou outro maior destaque conforme o sucesso ou insucesso do tratamento, independente do quão desafiante possa ser vivenciar essa experiência (P2, P6, P9, P11 e P12).
Estudiosos da área consideram que o processo de cuidar de um doente com câncer no domicílio gera na família sentimentos de angústia, sofrimento psicológico, medo do sofrimento físico do doente, medo do desconhecido como uma cirurgia ou tratamento, meda da morte, desespero e impotência diante dessa situação(2,6). A dimensão desses sentimentos demonstra uma urgência em desenvolver pesquisas nessa temática, além de ações diretas e treinamento das equipes de saúde para que encontrem respostas às suas dúvidas e estejam preparados a fornecer a melhor assistência possível ao doente com câncer e seus familiares(6).
A importância da família nas decisões de tratamentos/internações e na participação do planejamento dos cuidados também foi investigada. O crescente destaque à família tem resultado em mudanças na maneira de como ela é vista no processo saúde-doença. No passado, atribuía-se à família apenas um papel na esfera afetiva do doente. Hoje, permitir à família participar do processo e da tomada de decisões com relação ao doente implica em mudanças significativas na prática profissional, destacando a necessidade de conhecer os grupos envolvidos no processo de produção social da saúde e respeitar suas especificidades. É preciso compreender a família como uma unidade de cuidado, conhecê-la, identificar as forças, as dificuldades e os esforços e através desse conhecimento, analisar e implementar com todos, a melhor assistência possível (P1 e P14).
Da mesma forma outros pesquisadores relatam que é de fundamental importância que a equipe de saúde considere a experiência da família para compreender não apenas como o cuidado se dá, mas como o familiar cuidador se percebe diante da dificuldade de assistir um doente(6-7,16-17). Quando a família se percebe diante de tal dificuldade sem um suporte, a equipe precisa estar preparada para intervir, direcionando-a na busca de apoio social, como uma estratégia de preservar a saúde do próprio cuidador e restabelecer de maneira saudável o processo de reabilitação do doente(7).
Na experiência da família do doente com câncer cuidado no domicílio, os artigos relatam a busca da família por uma rede social e apoio social, seja na comunidade ou no sistema formal de saúde; além disso, juntamente a essa análise, discorrem sobre as dificuldades em encontrar auxílio nos sistemas de saúde e a necessidade de ter uma equipe que acompanhe a família e o doente em casa. O cuidado domiciliar é baseado no princípio de que o paciente recebe a assistência pela família que, mesmo leiga, é orientada e supervisionada por uma equipe qualificada na área da saúde. Por esse motivo destaca-se a importância da família em encontrar um apoio sólido dos profissionais, através do ensino, educação, treinamento e orientação sobre o cuidado que deverá prestar ao doente, de forma padronizada, de preferência escrita e formal, a fim de garantir a qualidade do entendimento (P13, P14 e P15).
Outros estudos sobre a vivências dos familiares com o câncer também destacam a falta de informação como uma dificuldade amplamente encontrada, tal situação poderia ser amenizada através de orientações básicas sobre o cuidado(2,16-17). O medo do desconhecido é citado também na literatura, uma vez que tal insegurança gera na família sentimentos de incapacidade ao desempenhar uma função nunca antes exercida(2).
No decorrer da experiência vivenciada pela família do doente com câncer que recebe cuidado domiciliário, os artigos também destacaram obstáculos como à falta de informações dos profissionais sobre o cuidado, além das dificuldades financeiras e alterações no cotidiano. A vida da família e do doente passa por várias transformações em decorrência do diagnóstico e tratamento; é confrontada com uma gama de vicissitudes difíceis de serem compreendidas no início, requerendo a adaptação lenta e progressiva a uma nova rotina, na qual as exigências e demandas passam a fazer parte do cotidiano familiar. Dessa forma, o doente e sua família precisam de um tempo para trabalhar seus sentimentos e delinear novas perspectivas de vida (P2, P8, P12 e P16).
Segundo alguns pesquisadores dessa temática, experienciar o cuidado domiciliário gera sentimentos diversos, o impacto de tais sentimentos acarretam mudanças significativas no contexto familiar(2). Mudanças pessoais, ambientais e relacionais, que podem se tornar mais e mais complexo na medida em que a doença progride, gerando inseguranças, incertezas e vulnerabilidades que podem influenciar de forma negativa nos cuidados prestados(2).
Assim, esses mesmo autores complementam que a falta de informações, os problemas financeiros e a falta de ajuda podem se tornar agentes estressores para a família e por esse motivo necessitam ser previstos pelos profissionais de saúde, a fim de se evitar maiores conflitos(2).
Ao discorrer sobre a experiência da família do doente com câncer cuidado no domicílio, as publicações discorreram também sobre a importância da espiritualidade para entender o sofrimento e enfrentar a angústia do câncer, relatando que a espiritualidade é um suporte fundamental nos momentos de maior desespero; nessa mesma linha, os estudos enfatizaram a experiência da família ao vivenciar o momento do diagnóstico de neoplasia, destacando os sentimentos de angústia, tristeza e incerteza com o futuro, porém um desejo amplo de estar com o doente nessa batalha (P1, P14 e P15).
Outras pesquisas apontam que nos momentos de angústia exacerbada, famílias e doentes buscam forças na religiosidade/espiritualidade para enfrentá-los, assim, muitos se sentem acolhidos pela proteção de um ser superior que os ouve e os auxilia no enfrentamento das dificuldades(2,7).
Houve menção sobre a experiência de lidar com a morte em uma publicação. Embora todas as pessoas tenham certeza de que a morte ocorrerá um dia, a consciência da própria morte reside no cotidiano por meio da ocorrência da morte dos outros, dessa forma, ser um doente com câncer para muitos é sinônimo de morte e ainda hoje é possível encontrar pessoas que devido à gravidade da doença temem até o pronunciar da palavra câncer. Muitas famílias ao experienciar o cuidado paliativo ao doente oncológico não possui condições de falar sobre o que a morte representa (P9).
Achados na literatura destacam que quando a morte se manifesta de forma real no âmbito familiar, o processo de cuidado pode exacerbar conflitos pré-existentes na família(2) e apesar da morte ser um processo normal da evolução de todo ser humano, o sentimento de que ela é inevitável gera dor, sofrimento e dificuldade de aceitação na família e no doente(6).
A adaptação da vida familiar com o doente oncológico foi demonstrada por meio de maior preocupação com a adaptação emocional do binômio doente-família, sugerindo a importância do suporte, do diálogo e da orientação por parte dos profissionais para amenizar o sofrimento da família, ao se deparar com o diagnóstico de câncer (P4, P5, P7, P13, P15 e P16).
Os artigos relatam que a motivação que leva a família a cuidar de um doente em casa é variada, mas a obrigação e o desejo de retribuir são os principais agentes motivadores, e compreender essas motivações demonstram como a relação do binômio família-doente é dinâmica e subjetiva, revelando, dessa forma diferentes os significados dessa experiência (P2, P3, P10 e P11).
A literatura menciona diversas motivações que determinam a decisão de cuidar, sejam motivações pessoais ou familiares, o optar por cuidar é baseado na confiança e no apoio, ou seja, muitas vezes, a vontade de apoiar o doente desencadeia nos familiares o desejo de desempenhar esse papel nunca antes realizado e quando esse sentimento vem acompanhado de amor e respeito não há necessidade de motivações externas(2). O sentimento de amor no cuidar pode ajudar a amenizar o sofrimento da família além de trabalhar os medos e as emoções, uma vez que se transformam em manifestações de respeito e de solidariedade(2).
Segundo esses autores ainda, a escolha de um cuidador pode ser definida pelos demais membros da família, por dispor de mais tempo, por sofrer menos interferências na rotina, por gratidão ou recebimento de bens, ou por falta de opção, assim, em muitas situações a obrigatoriedade de cuidar pode ser inesperada(2).
Por fim, as publicações destacaram a importância dos profissionais estarem atentos à família e reconhecer as suas necessidades, tanto com relação aos desgastes físicos, como também psicológicos que o cuidar em domicílio impõe. Dentre esses estudos, apenas um coloca a necessidade de oferecer educação à família e ao doente sobre sua doença e principais cuidados (P7). Isso demonstra a importância de novas pesquisas serem executadas nessa temática, pois o cuidado domiciliar só poderá ser executado com qualidade e eficiência se a família e/ou o doente tiverem pleno conhecimento do que estão fazendo, como estão fazendo e porque estão fazendo, e tais informações poderiam fazer parte de um guia escrito e/ou de uma conversa entre família/doente e profissional de saúde, que serviria de base para os familiares recorrerem nos momentos de dúvidas durante a prestação dos cuidados (P4, P7, P10, P15 e P16).
Versando sobre a assistência domiciliar dentro da estratégia de saúde da família, autores destacam a importância dos profissionais de saúde estarem atentos à realidade de vida do doente cuidado no domicílio, destacando a necessidade de conhecer seus vínculos e suas delimitações, preocupando-se inclusive com o que a comunidade ao seu redor pode lhe oferecer de suporte(17). Tal assistência deve ser baseada na total interação do profissional com o paciente e sua família, planejando ações e interações com a família, observando o fator sócio-econômico-cultural-espiritual da família(17)
Assim, para a realização de uma assistência integral os profissionais precisam ter uma perspectiva relacional e interativa, para desenvolver ações diferenciadas e inovadoras na construção da saúde, considerando os contextos domiciliares, reconhecendo e trabalhando as diferenças(17).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão demonstrou que há escassez de publicações sobre como a família do doente com câncer experiencia o cuidado domiciliário. Em contrapartida, aumenta o número de pessoas portadoras de doenças crônicas degenerativas, como o câncer, e que em sua grande maioria necessitarão da continuidade e complementação do tratamento no domicílio.
Os cuidados prestados pela família, bem como a segurança com que são executados dependem da orientação e apoio da equipe de saúde, não apenas ensinando, mas atentando-se para as dificuldades que a família poderá apresentar, a fim de preveni-los. Nesse caso, o termo “dificuldades” não se limita apenas àquelas encontradas na prática do cuidado, mas também o desgaste que a família enfrenta ao conviver com o câncer, as debilidades que o doente apresenta decorrente da doença, a fragilidade dos serviços de saúde no preparo para a alta hospitalar, dentre outras.
Frente a isso, algumas sugestões podem ser ressaltadas: a importância de o enfermeiro conhecer como se dá o processo saúde-doença, mormente no câncer, e considerar as reais necessidades da família nesse processo; a formulação de um guia de cuidados ao doente oncológico para auxiliar a família no esclarecimento das principais dúvidas; o planejamento de uma educação continuada junto aos profissionais enfermeiros e intervenções educativas junto à família visando instrumentalizá-la para o cuidado no domicílio. Além disso, há a necessidade do desenvolvimento de pesquisas e ações que delimitem a participação da família e do profissional no cuidado domiciliário ao paciente com câncer, minimizando a sobrecarrega com a execução de procedimentos que exijam conhecimentos técnico-científicos além de suas capacidades e possibilidades.
Prover suporte aos doentes oncológicos e seus familiares é parte do cuidado integral fornecido pelos enfermeiros. Para que a enfermagem venha cooperar substancialmente na trajetória que o câncer impõe à família, é importante dispor de instrumentos que ajudem na identificação das prioridades no cuidado, principalmente no domicílio.
É importante salientar que no decorrer dessa pesquisa deparamos com algumas limitações em sua execução. O fato das publicações serem fundamentadas na metodologia qualitativa dificultou a execução de uma análise objetiva que formulasse evidências a serem descritas como resultado. Assim, optou-se pela execução de uma análise descritiva que melhor atendesse nosso objetivo.
Há dificuldade no desenvolvimento de revisões baseadas em achados qualitativos e controvérsias quanto à maneira de sumarizar e integrar resultados qualitativos, uma vez que não há dados numéricos e a obtenção de tais achados pode se dar de diversas maneiras. Acreditamos que essa não deve ser uma questão que inviabilize a utilização na prática dos conhecimentos oriundos de pesquisa qualitativa.
Apesar dessa dificuldade apontada, as pesquisas precisam ser direcionadas à compreensão das reais necessidades da família durante o tratamento, a fim de possibilitar oferecer o suporte necessário tanto para o doente como para sua família. Esse reconhecimento permite o planejamento do cuidado de forma coerente e adequada, bem como ajuda a direcionar as áreas de intervenções que precisam ser desenvolvidas, testadas e implementadas.
Com o avanço da ciência e da tecnologia, as intervenções aos doentes com câncer têm aumentado, por isso, os enfermeiros precisam atentar-se a essa situação, a fim de melhorar a qualidade de vida do binômio doente e família.
Como forma de minimizar as dificuldades apontadas, sugerimos a realização de uma metassíntese seguindo os pressupostos do Joanna Briggs Institute Model, na qual a ênfase se dá na interpretação dos resultados de pesquisas, com o objetivo de considerar similaridades e diferenças na linguagem, nos conceitos e nas imagens que permeiam uma determinada experiência, ampliando as possibilidades interpretativas dos achados e construindo narrativas amplas ou mesmo teorias substantivas, ampliando as possibilidades e permitindo a avaliação do impacto das pesquisas qualitativas nessa temática e o reconhecimento de tendências teóricas e metodológicas, bem como a avaliação de sua utilidade para a prática.

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Artigo recebido em 08.03.2010.
Aprovado para publicação em 21.06.2011.
Artigo publicado em 30.06.2011.

Fonte: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n2/v13n2a21.htm

Processo de limpeza da sala operatória: riscos à saúde do usuário e do trabalhado

Regiane Aparecida dos Santos Soares BarretoI, Larissa Oliveira Rocha-VilefortII, Adenícia Custódia Silva e SouzaIII, Marinésia Aparecida Prado-PalosIV, Maria Alves BarbosaV, Vanderléia Patrícia Freitas Nunes BorgesVI

I Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Doutorando em Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor Assistente, Faculdade de Enfermagem (FEN), UFG. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: remajuau@yahoo.com.br
II Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Enfermeira da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia/GO. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: larisssarocha@yahoo.com.br.
III Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Docente Colaborador, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, UFG, Goiânia, GO, Brasil. E-mail: adenicia@fen.ufg.br.
IV Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professor Adjunto, FEN, UFG. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: marinesiaprado@gmail.com.
V Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professor Adjunto, FEN, UFG. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: maria.malves@gmail.com.
VI Enfermeira. Goiânia, GO, Brasil. E-mail: vanderleia2004@hotmail.com.



RESUMO

Estudo descritivo realizado de 2007 a 2008, em um hospital de ensino de Goiânia-GO, com a equipe de enfermagem e de higienização e limpeza que objetivou caracterizar a limpeza de salas operatórias do centro cirúrgico e a adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual pelos profissionais. A limpeza preparatória foi efetuada em 87,5% das salas operatórias. Das 40 cirurgias observadas, houve queda de matéria orgânica no piso em 37,5%, sem a devida limpeza. A desinfecção de superfícies e equipamentos com álcool a 70% não foi observada em nenhum dos turnos. O uso adequado de EPI foi ignorado por 14,3% profissionais de enfermagem no matutino e 41,7%, no vespertino. É clara a necessidade de capacitação dos profissionais quanto ao processo da limpeza de sala operatória, ao uso de equipamentos de proteção individual, à higienização das mãos e a reflexão sobre a sua responsabilidade no controle de infecção de sitio cirúrgico.

Descritores: Enfermagem; Descontaminação; Salas Cirúrgicas. 

INTRODUÇÃO
No contexto das infecções relacionadas à assistência em saúde (IRAS), a de sítio cirúrgico tem sido apontado como um dos mais importantes, levando a um aumento médio de 60% no período de internação. Além de exigir esforços de toda a equipe, pois sua prevenção/controle requer medidas técnicas e comportamentais que refletirá na qualidade da assistência à saúde, acarretando redução de complicações e custos(1-2).
A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é a principal causa de complicações pós-operatórias no paciente cirúrgico e segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) 14 a 16% das IRAS são atribuídas a essas infecções, elevando significativamente os custos com a terapêutica do paciente(3).
Atualmente a taxa de ISC no Brasil é de 11%, e o ônus atribuído às instituições e aos usuários pelo longo período de afastamento do trabalho, familiares e convívio social ocasionados pela internação, pode atingir de 7 a 10 dias, representando um custo até três vezes maior(3).
Vários são os fatores que podem contribuir para a patogênese da ISC, sendo que cerca de 70 a 80 %, é de origem endógena, ou seja, advindos do próprio usuário(3). Entretanto, fatores exógenos como as condições ambientais do centro cirúrgico (CC) e a equipe cirúrgica, responsáveis pela contaminação intra-operatória, muitas vezes são colocados em segundo plano, embora passíveis de prevenção e controle.
Dessa maneira, faz-se necessária atenção especial quanto ao controle da contaminação ambiental na unidade de CC, envolvendo a limpeza de pisos, paredes e equipamentos, controle do acesso e do fluxo de pessoas na sala operatória (SO), movimentação de portas, sistema de ventilação e paramentação da equipe cirúrgica. A finalidade desse controle é diminuir a vulnerabilidade do usuário ao risco de adquirir ISC durante o procedimento anestésico-cirúrgico, período de exposição à carga microbiana proveniente do ambiente e da equipe(3-4).
Qualquer superfície, inclusive as da SO, deveria ser isenta de micro-organismos, no entanto, a transferência desses agentes a esses locais comumente ocorre por respingos de fluídos envolvidos no procedimento cirúrgico e pelas mãos dos profissionais de saúde(4-5), principalmente quando após o contato com locais anatômicos invadidos, os profissionais não adotam as medidas preconizadas, pois tais superfícies muitas vezes não são relacionadas à contaminação do sítio cirúrgico.
Dessa forma, a higienização das mãos (HM) e o tratamento das superfícies são atitudes de impacto na diminuição da contaminação ambiental e conseqüente redução da incidência de ISC, e exige atitudes seguras dos profissionais.
Na maioria dos CC os circulantes são os responsáveis pela primeira etapa do processo de limpeza da SO, pois este ocorre entre as cirurgias e envolve as superfícies do material e equipamento correspondente ao procedimento cirúrgico. A segunda etapa abrange os pisos e paredes e passa a ser dos funcionários do Serviço de Higienização e Limpeza (SHL).
No ambiente cirúrgico, o risco de exposição ao material biológico é constante, durante e após os procedimentos, no manuseio de objetos com grande quantidade de material orgânico e durante processo de limpeza da SO. Vale lembrar que durante a retirada do instrumental cirúrgico e a limpeza das superfícies contaminadas, se faz necessário à adoção de medidas preventivas, como o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), a fim de minimizar os riscos ocupacionais, biológico e químico(1,5-6).
A literatura evidencia que em vários estados do Brasil, o sistema de vigilância do Projeto Risco Biológico.org, PSBio, notificou de 2002 a 2008, 3222 acidentes com material biológico, nos quais o CC destacou-se, com 12,5% dos acidentes envolvendo sangue ou secreções orgânicas(7).
Analisando os riscos ambientais do trabalho de enfermagem, constatou-se que os profissionais não são cientes sobre tal exposição durante o manuseio de materiais ou de substâncias químicas, por exemplo. Haja vista, que apesar de expostos a inalação e contato com os olhos, estes profissionais utilizaram inadequadamente os EPI(8).
No cotidiano do trabalho observa-se que estes trabalhadores pouco aderem ao uso do EPI, sem se preocupar com a de exposição aos riscos biológicos e químicos. Essa falta de adesão às medidas preventivas ocorre muitas vezes por desconhecimento, indisponibilidade de EPI, entre outros(9).
No que diz respeito aos riscos ocupacionais para os profissionais de áreas de apoio (PAA), como a equipe do SHL, esses estão expostos a riscos de acidentes com material e superfícies potencialmente contaminados, artigos perfurocortantes segregado inadvertidamente, além de produtos químicos que fazem parte de sua rotina de trabalho.
Em face dessa realidade, ressalta-se a importância de envolver os PAA nos programas de educação permanente e nas pesquisas, pois a produção científica envolvendo-os é escassa. Pois, esses profissionais, muitas vezes contratados de empresas terceirizadas, tem se acidentado durante suas atividades laborais, desconhecem e não percebem a co-participação na cadeia epidemiológica das infecções.
Esse pensamento corrobora com estudos Salles e Silva(10), que identificou um índice de (67,12%) dos acidentes de trabalho com auxiliares de enfermagem, seguidos de auxiliares de higienização (15,07%), técnicos de enfermagem (8,22%), enfermeiros, médicos, e atendentes de enfermagem (2,74%) e auxiliar de coleta de resíduos (1,37%), no qual o CC registrou o maior índice (10,25%) e as substâncias químicas foram responsáveis por 2,56% dos acidentes.
Diante dessas considerações, este estudo teve como objetivo caracterizar a limpeza de salas operatórias do centro cirúrgico de um hospital de ensino e a adesão ao uso dos EPI pelos profissionais que a executam.

METODOLOGIA
Estudo descritivo realizado de 2007 a 2008, no CC de um hospital de ensino de Goiânia-GO, aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa, sob protocolo nº. 010/2003. A população constitui-se pela equipe de enfermagem e de higienização e limpeza, e a amostra pelos profissionais escalados no serviço durante o período de coleta de dados e que concordaram em participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A coleta de dados foi realizada de outubro a dezembro de 2007, de segunda a sexta, em turnos de trabalho alternados (matutino e vespertino), totalizando cerca de 30 horas de observação. Os dados foram obtidos por meio de observação direta das atividades cotidianas dos profissionais e registrados em um check list estruturado, contendo dados ocupacionais dos profissionais, informações quanto ao procedimento cirúrgico e sobre as etapas de limpeza de sala operatória propriamente dita. Para que não houvesse influência nas observações, a gerência do setor autorizou a coleta dos dados e o consentimento dos sujeitos foi obtido após o término da coleta. Caso o profissional não consentisse em participar do estudo, o instrumento de coleta de dados seria descartado na presença do sujeito, sem danos ao mesmo.
Foi construído um banco de dados no programa Epinfo 5.0, os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e apresentados em tabelas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo 21 profissionais, sendo 17 técnicos de enfermagem e quatro PAA do serviço de Higienização, cujo processo de limpeza da SO foi observado em 40 cirurgias durante os turnos matutino e vespertino.
O processo de limpeza da SO, consiste na remoção mecânica e/ou física da sujidade das superfícies e constitui elemento primário eficaz como medida de interrupção da cadeia epidemiológica das infecções, minimizando a exposição de usuários e profissionais a micro-organismos(1,9).
Nas unidades de saúde, a limpeza de áreas restritas, como o CC, deve ser feita pela enfermagem em conjunto com os PAA do serviço de Higienização, capacitados para tal atividade, pois a SO requer vários tipos de limpeza, a depender do período do dia e decorrer do procedimento cirúrgico(9).
A limpeza preparatória (LP) é realizada pouco antes da primeira cirurgia do dia, com pano embebido em álcool a 70%, para remoção de partículas de poeira de mobiliários, equipamentos e superfícies horizontais da SO e, se necessário, deve acompanhar a limpeza do piso pelo serviço de Higienização(11).
Neste estudo, essa LP foi observada em 87,5% (35/40) das SO´s observadas, quando o esperado seria em 100% deles. Essa limpeza é um importante meio de evitar a potencialização do risco de infecção para o usuário e auxilia na redução de contaminantes para o ar ambiente que possam ser carreados nas partículas de pó das superfícies horizontais pela movimentação da equipe e turbulência do ar condicionado(12).
Durante o procedimento cirúrgico, caso ocorra queda de material orgânico ou instrumental cirúrgico no piso, contaminando a SO, o recomendado é a limpeza operatória (LO) ou imediata, importante para evitar a transmissão de micro-organismos pelos pés dos profissionais e sua possível suspensão pelo ar(12). Essa limpeza inclui a remoção do excesso da sujidade com papel absorvente, limpeza com pano embebido em água e sabão, secagem e aplicação de produto desinfetante, conforme orientação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição(11,13).
Das 40 cirurgias observadas, em 37,5% (15/40), houve a necessidade da LO, porém a mesma só ocorreu ao final da cirurgia, na limpeza concorrente. Estudo semelhante em hospitais paulistas verificou a realização da LO em 76,6%(13) dos procedimentos observados.
É relevante ressaltar que a contaminação da ferida operatória pode ocorrer na SO ou nas primeiras 24 horas após o procedimento cirúrgico, razão pela qual a remoção mecânica de matéria orgânica das superfícies é fundamental, e impedirá o ressecamento da mesma no ambiente e a consequente formação de partículas contaminantes(13).
Após cada procedimento, a limpeza visível do ambiente deve ser restabelecida por meio da limpeza concorrente (LC), para a remoção de sujidade e matéria orgânica em mobiliários, equipamentos, superfícies e piso. Essa limpeza é iniciada com a remoção dos instrumentais, materiais perfurocortantes, equipamentos, roupas e resíduos. Em seguida são limpos os mobiliários, equipamentos e superfícies com pano embebido em água e sabão e desinfecção com álcool a 70%, da área mais limpa para a mais suja. Cabe ao profissional do serviço de Higienização a limpeza e desinfecção do piso, e caso necessário, do teto e paredes, incluindo as macas de transporte, após cada utilização(8,11).
Todos os profissionais observados executaram a LC das SO´s após os procedimentos cirúrgicos, no entanto, a técnica foi inadequada em alguns passos, em desacordo com a Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC)(11), (Tabela 1).
A desinfecção com álcool a 70% das superfícies e equipamentos e a limpeza das macas de transporte não foi realizada, em ambos os turnos. Em apenas 25% dos procedimentos, nos dois turnos, os profissionais da Higienização desinfetaram o piso utilizando o fluxo do local mais limpo para o mais sujo, revelando falhas no processo de limpeza.
tabela1
No CC são poucas as superfícies móveis que entram em contato direto com o usuário, entre elas a maca e a mesa operatória, cuja desinfecção entre um usuário e outro é recomendada. As outras entram em contato direto com objetos utilizados na assistência, também devem ser submetidas à desinfecção, como a mesa de instrumental e o carrinho de anestesia(11).
Avaliando a eficácia da limpeza e desinfecção de colchões de um hospital paranaense, um estudo evidenciou que 28,5% dos colchões tiveram redução no número de colônias após a limpeza e desinfecção, alertando para falhas nesses procedimentos(14).
Em carrinhos de anestesia colônias de Estafilococos coagulase negativa, bacilos, Alfa Streptococcus, Acinetobacter, Staphylococcus aureus e bastonetes gram negativos, foram isoladas, sendo as quatro últimas, frequentemente associadas às infecções respiratórias e bacteremias, tanto para profissionais quanto usuários, recomendando métodos mais eficazes de limpeza em tais equipamentos(15).
Não há consenso quanto à desinfecção de superfícies fixas, como paredes, teto e piso, apenas a recomendação de que na ausência de matéria orgânica, deve haver limpeza dessas superfícies(11). No entanto, defende-se o uso de desinfetantes também no piso, por serem mais eficazes na redução da carga microbiana, evitando sua dispersão(13).
A utilização de desinfetantes após a limpeza em instituições de saúde é controversa e recomendada segundo a especificidade do ambiente. A contra argumentação à desinfecção se deve à alteração da ecologia ambiental e a não-comprovação da relação de determinadas áreas e superfícies com as IRAS. Dessa forma, é preciso considerar o risco de contato direto e indireto com o usuário e a presença de patógeno e a possibilidade de transmissão, para tomar a decisão pelo uso de produtos desinfetantes ou não(5,16).
Ressalta-se que no CC da instituição pesquisada a desinfecção após a limpeza das superfícies da SO e das macas de transporte não fazem parte do protocolo de limpeza concorrente. Esses dados nos remetem à necessidade de revisão nos protocolos, pois o fluxo elevado de cirurgia aliado à quantidade expressiva de matéria orgânica no ambiente da SO compromete a qualidade do processo de trabalho e da assistência.
Um estudo realizado em hospitais de Uberlândia-MG, analisou a contaminação do piso de 43 SO’s, verificando o predomínio de Staphylococcus sp. (54%) e Micrococcus (32%) em salas antes e após a limpeza, sendo detectados micro-organismos gram-negativos entéricos em três salas já limpas(17).
Esse estudo nos remete a reflexão sobre o processo de limpeza da SO, bem como na maior atenção a ser dispensada durante e após cirurgias contaminadas e infectadas, as quais requerem que a LC seja realizada com maior rigor. Isso pode ser prejudicial ao ambiente, ao usuário e a saúde ocupacional do trabalhador, haja vista que o rigor deve ser o mesmo, ou seja, a conduta deve seguir a proposta das precauções padrão.
A Limpeza Terminal (LT) deve ser feita diariamente nas SO’s, áreas de utilidades e de degermação, incluindo os dispensadores de sabão e degermante, após a última cirurgia eletiva (sobecc). Os focos cirúrgicos, equipamentos montados ou fixos no teto, móveis, sistemas de ventilação, superfícies horizontais e lavabos são itens incluídos na LT(11).
Todas as demais áreas e equipamentos do CC devem ser periodicamente limpos, de acordo com uma rotina previamente estabelecida, incluindo ductos e filtros, equipamentos de ar condicionado, armários, paredes e tetos, salas administrativas, de guarda de materiais e medicamentos(13).
No local do estudo, a LT ocorre apenas aos fins de semana, período excluído da coleta de dados, motivo pelo qual não pôde ser observada.
Segundo o manual de normas e rotinas da unidade, cabe à enfermagem a mobilização, limpeza e desinfecção dos equipamentos e móveis das SO´s, descritas no protocolo da instituição. As partes altas devem ser limpas por um profissional do serviço de Higienização (terceirizado) no plantão noturno do sábado e o piso lavado com máquina, seco e desinfetado com pano embebido em hipoclorito de sódio. Lavabos e torneiras devem ser limpos e desinfetados com álcool a 70%. Os dispensadores de sabão e degermante permitem a troca do frasco interno, evitando a contaminação pela reposição da solução.
Tal procedimento é descrito como limpeza semanal, preconizada em salas de pré-operatório e de recuperação pós-anestésica. Logo, a LT diária não é realizada no local do estudo(11).
Todos os tipos de limpeza de SO requerem o emprego de EPI apropriado, considerando o risco ocupacional(8-9). No CC, os profissionais utilizam diariamente o gorro, a máscara cirúrgica e os propés, além do uniforme privativo, obrigatório. Para situações específicas de contato com agentes contaminantes, como é o caso da limpeza de SO, o uso das luvas de procedimentos é indispensável.
O uso adequado de todos os EPI para a limpeza de SO foi ignorado por 14,3% (6/40) dos profissionais de enfermagem no matutino e 41,7% (17/40), no vespertino.
Durante a LC, o profissional se expõe a materiais com grande quantidade de fluídos orgânicos e artigos perfurocortantes, principalmente no momento do recolhimento e transporte ao expurgo. Almeida(9) questiona o uso de luvas de procedimento nestas atividades, pois são inúmeras as situações de risco ocupacional, sendo as luvas grossas antiderrapantes de borracha as mais recomendadas.
Em hospital de ensino de Goiânia–GO destacou 41,7% de registros de acidentes ocupacionais no momento da desmontagem da SO. Em tais situações, as luvas grossas de cano longo, trazem mais segurança aos trabalhadores, por serem mais resistentes a rasgos e perfurações(9). O manuseio dos instrumentais ao final da cirurgia oferece risco biológico semelhante às atividades realizadas na etapa subseqüente, no expurgo, reforçando o uso deste EPI.
Os propés, ainda obrigatórios na instituição do estudo, nem sempre foram associados ao sapato fechado. Sabe-se que esse EPI está sendo paulatinamente abolido, entretanto, atenta-se à forma de utilização, concorrendo para a disseminação de micro-organismos, já que os profissionais podem espalhar secreções orgânicas da SO, para outras áreas do CC, nas quais transitam pessoas sem propés. Além disso, o material do propé é frágil e permeável, e não constitui barreira microbiológica. Logo, a decisão pela continuidade do seu uso precisa ser técnica e administrativamente revisada. 
O uso de EPI é regulamentado pela legislação brasileira e todas as disposições de adequação de qualidade, forma, quantidade e acesso, seguem a Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32), na qual os EPI deverão estar à disposição em número suficiente nas unidades de trabalho, garantindo seu imediato fornecimento ou reposição. Além disso, o trabalhador deve receber capacitação quanto ao risco biológico e sobre a utilização de EPI e vestimenta de trabalho(9,18).
Além das atribuições relativas à instituição, a NR-32 também estabelece que a responsabilidade para o cumprimento dessas exigências legais é solidária entre as duas partes, contratante e contratado (BRASIL – MTE, 2005). Dessa forma, a adesão dos profissionais ao uso de EPI vai além do nível comportamental em saúde, atingindo a legalidade das atividades laborais, muitas vezes sujeitas a penalidades.
Como fator de proteção do trabalhador e usuário, a HM é recomendada após a execução da limpeza de SO, mesmo que o profissional tenha utilizado as luvas, no entanto, neste estudo, isso ocorreu em apenas 37,5% (15/40).
Um estudo de Goiânia-GO também verificou uma baixa adesão de profissionais de enfermagem à HM após procedimentos em uma sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Fato preocupante, considerando que o usuário em pós-operatório está mais exposto e vulnerável a agentes patogênicos, necessitando também de maiores cuidados nesse período(19).
Além do auto-benefício da HM, ressalta-se que os profissionais podem atuar em escala de rodízio, durante o mesmo turno de trabalho, entre a SO e SRPA. Sendo assim, um trabalhador que realizou limpeza de SO, pode em seguida assistir a um cliente em pós-operatório imediato, reforçando a necessidade de adesão à HM e ao uso de EPI entre as diversas atividades executadas.

CONCLUSÕES
Frente aos objetivos propostos, observou-se que, tanto o processo de limpeza da SO quanto à adesão dos profissionais ao uso de EPI revelaram-se inadequadas e em desacordo com a legislação vigente.
No CC há a descrição dos tipos de limpeza em um manual de normas e rotinas, no entanto, apenas as limpezas preparatória, operatória, concorrente e semanal são realizadas na unidade.
A limpeza preparatória foi efetuada na maioria dos procedimentos cirúrgicos observados, embora o esperado fosse a todas elas. Já a limpeza operatória não foi realizada quando houve queda de matéria orgânica no piso, em 37,5% das limpezas de SO observadas, realidade que aumenta o risco de infecções aos usuários e o risco ocupacional aos profissionais.
Durante a limpeza concorrente não houve a desinfecção de superfícies e equipamentos com álcool a 70% tampouco a das macas de transporte em todos os procedimentos observados. Além disso, a limpeza terminal é semanal, e não diária como recomendado pela literatura.
Com relação ao uso de EPI, 14,3% dos profissionais do matutino e 41,7% do vespertino ignoraram o uso adequado desses equipamentos, expondo-se a secreções orgânicas e materiais contaminados e aumentando o risco de acidentes ocupacionais durante a limpeza das SO. A higienização das mãos revela-se importante fator de proteção e prevenção de agravos aos profissionais e usuários, mas apenas 37,5% dos profissionais o fizeram após a descontaminação de SO.
Diante dos resultados apresentados, evidencia-se a necessidade de capacitação e mudança comportamental dos profissionais quanto à limpeza de SO, ao uso de EPI e à higienização das mãos, além de permitir a reflexão sobre a sua responsabilidade no controle de ISC. Nesta perspectiva, consideramos necessário, após o período de coleta de dados, discutir as práticas de limpeza de SO junto à equipe de enfermagem, utilizando material didático elaborado para este fim.
Nesse cenário, ressaltamos a importância da atuação do enfermeiro, pois, entendemos que esse profissional tem papel relevante no controle de infecção, desenvolvendo atividades que contemplam as quatro áreas de atuação, administrativa, assistencial, ensino e pesquisa.
Por ser um hospital de ensino, a instituição do estudo é modelo para as demais do município e do estado, além de exercer forte influência na formação dos recursos humanos das instituições privadas. Dessa forma, lhe cabe o atendimento completo às recomendações da literatura e legislação com relação ao controle de infecção e segurança e qualidade de vida no trabalho.

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Artigo recebido em 24.03.2010.
Aprovado para publicação em 01.06.2011.
Artigo publicado em 30.06.2011.

Fonte: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n2/v13n2a13.htm