quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA APAE DE LAGARTO-SE

Wendel Fren Costa dos Anjos¹

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a importância da introdução de profissionais de Educação Física nas APAEs, dentre elas a da cidade de Lagarto-SE. Este trabalho é um resultado de pesquisas bibliográficas e de estudo de campo sobre teorias e abordagens que envolvem o processo de educação inclusiva através de entrevistas.  A revisão bibliográfica e a pesquisa de campo caracterizado pelas entrevistas coletadas com funcionários da instituição colocam em evidência alguns fatores que necessitam de questionamentos críticos-construtivos, pois sem essas reflexões, a educação para essas pessoas com necessidades especiais continuará individualista ou omissa. Esta pesquisa foi realizada na APAE da cidade supracitada, buscando subsídios sobre as experiências que se vivenciam no cotidiano desta instituição, os conhecimentos, as experiências, hábitos e valores existentes na vida dos professores e dos alunos. Através da entrevista foi constatado que os funcionários compreendem a importância desse profissional dentro dessa instituição porque o mesmo proporciona atividades mais direcionadas, mas por ser um custeio muito grande para a instituição pagar esse profissional, fica evidenciada a falta de incentivo por parte dos governantes, uma vez que essas crianças precisam de atividades mais específicas buscando respeitar as suas potencialidades e fragilidades. Observou-se que, mesmo existindo críticas, há professores tanto da área quanto da Educação Física, de outras áreas que acreditam nas transformações e nas adaptações do processo educativo para que independentemente de suas deficiências, todas as crianças possam aprender, e se informar das vantagens oferecidas pela estruturas sócio-econômicas construídas por todos.

Palavras-Chave: APAE; Educação Inclusiva; Educação Física; Necessidades Especiais.
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¹ Formado em Educação Física, cursando especialização em Educação Física Escolar  e cursando o 4º período de Enfermagem.

ABSTRACT
 
The present work has as objective to reflect on the importance of the introduction of physical education professionals in APAEs, among them the city of Lagarto-SE. This work is a result of literature researches and field study of theories and approaches that involve the process of inclusive education through interviews. The literature review and field research characterized through the interviews collected with workers of the institution have highlighted some factors that need critical-constructive questioning, because without these reflections, education for those people with special needs will continue individualistic or missing. This study was conducted in the APAE of the city above mentioned, seeking grants on the experiences that they experience in daily life in this institution, the knowledge, experience, habits and values in the lives of teachers and pupils. Through the interview was found that employees understand the importance of this professional within that institution because it itself provided the same activities more focused, but how it is a very large cost for the institution to pay these professionals, it is clear the lack of incentives by governments, because these children need more specific activities seeking to fulfill their potential and weaknesses. It was observed that, even with criticism, some teachers even form the same area of the Physical Education, as from others that believe in the changes and adaptations of the educational process so that regardless of their disabilities, all children can learn, and get informed of the benefits offered by the social and economic structures built by everyone.

Keywords: APAE; Inclusive Education, Physical Education, Special Needs.


INTRODUÇÃO

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais-APAE, da cidade de Lagarto-SE, é uma das instituições pioneiras na atenção especializada as pessoas com necessidades educacionais especiais, oferecendo serviços de habilitação, reabilitação e inclusão destes indivíduos na sociedade, proporcionando atividades educacionais nas áreas de educação e ação pedagógica, artes, ”informática”, saúde e prevenção, educação profissional e trabalho, e educação física.
A Educação Inclusiva tem sido objeto de estudo de inúmeros autores como Do Carmo (1991) e Devid Rodrigues (2000). Segundo Coll (1995) a educação inclusiva representa um passo concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que o pertencer é um direito, não um status privilegiado que deva ser conquistado. Nesse contexto, Rodrigues (2000, p.6) cita que: “a identidade do ser humano é constituída nas relações que ele estabelece consigo mesmo e com os outros, sendo que ao mesmo tempo, transforma a sociedade e por ela é transformado”.
O meio escolar é um dos espaços que o indivíduo passa grande parte de seu tempo, cabe a escola favorecer meios para que o aluno possa identificar-se e integrar-se a um grupo. Para que a escola consiga favorecer esses meios, é necessário que o professor entenda e reconheça que cada pessoa é diferente da outra. A sociedade possui uma visão de homem padronizada e classifica as pessoas de acordo com essa visão, sendo assim, uma pessoa é considerada anormal quando não se enquadra nos padrões de normalidades impostas pela sociedade, em conseqüência essas pessoas são rotuladas e na grande maioria rejeitadas pela sociedade.
Para tanto, assim se expressa Mazotta (1986, p. 25) a respeito da conceituação de corpo estigmatizado,

Por definição é claro, acreditamos que alguém com estigma não seja completamente humano. Com base nisso, fazemos vários tipos de discriminação, através das quais efetivamente e muitas vezes sem pensar, reduzimos suas chances de vida. Construímos uma teoria de estigma, uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo, racionalizando algumas vezes uma animosidade, baseada em outras diferenças, tais como as de classe social.

No entanto, o processo de rejeição/discriminação para as pessoas com necessidades educacionais especiais, rotuladas pela sociedade como seres não normais é muito longa e perpassa por vários séculos.
A inclusão, como processo social amplo, vem acontecendo em todo o mundo, fato que vem se efetivando a partir da década de 50. “A inclusão é a modificação da sociedade como pré-requisito para que pessoa com necessidades especiais possa buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania” (SASSAKI, 1997 p. 3). Segundo o mesmo autor, “a inclusão é um processo amplo, com transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais” (SASSAKI, 1997 p. 4).
A luta pela inclusão é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa dos direitos de todos os alunos sem distinção nenhuma de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar para superá-las, a educação inclusiva assume espaço no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão.
A tendência da política social das duas décadas anteriores tem consistido em promover a integração, a participação e o combate à exclusão. Inclusão e participação são essenciais à dignidade e ao desfrute e exercício dos direitos humanos. No campo da educação, estas concepções refletem-se no desenvolvimento de estratégias que procuram alcançar uma genuina igualdade de oportunidades, nessa linha de pensamento a Declaração de salamanca e enquadramento da ação (Junho de 1994) diz que:
É neste contexto que os que têm necessidades educativas especiais podem conseguir maior progresso educativo e maior integração social. O sucesso das escolas inclusivas que favorecem um ambiente propício à igualdade de oportunidades e à plena participação depende dum esforço concertado, não só dos professores e do pessoal escolar, mas também dos alunos, pais e voluntários
A partir dos autores que buscam a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas. Acompanhando o processo de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE CEB nº 22001, no artigo 2º, determina que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”. (MEC SEESP, 2001).       
Inserido nesse contexto, temos à área de educação física, ofertando e democratizando o esporte e lazer, sendo incluída nas instituições de atenção especializada à pessoa com necessidades educacionais especiais, a qual de acordo com AUCOUTURIER et al (1986) a área da educação física responsável pelo esporte e lazer deve obedecer a um trabalho sistemático, tendo como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada deficiência, respeitando suas diferenças individuais.
Portanto, o interesse por essa pesquisa surgiu a partir do meu olhar sobre os procedimentos metodológicos utilizados pelos professores de educação física ou estagiários na atenção aos alunos com deficiência mental da APAE da cidade de Lagarto/SE.(?) Neste sentido, o objetivo deste estudo é identificar os procedimentos metodológicos utilizados pelos professores de educação física ou estagiários na atenção aos alunos com deficiência mental da APAE/SE.
O estudo pautou-se na pesquisa descritiva, que segundo Gil (1999, p.44): “[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis”. A população selecionada para a pesquisa constituiu-se de professores de Educação Física ou estagiários que atuaram na APAE-SE do período de fundação da mesma até os dias atuais. Segundo Wada (1986 p.22) população é o conjunto de elementos que têm em comum, determinada característica.
O corpo desse trabalho encontrar-se-á organizadas em capítulos sendo dividido em duas partes: a primeira intitulada “A APAE e sua História” e o segundo “A História da Escola APAE da cidade de Lagarto-SE”. O texto prossegue pelo referencial metodológico, as análises e discussão e por fim segue com a conclusão acerca dos resultados obtidos. Enquanto pós-textuais o trabalho conta com referências e anexos.
A amostra desta pesquisa foi constituída por ex-professores de Educação Física ou não da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais-APAE da cidade de Lagarto-SE. De acordo com Lakatos et al (2003 p.130), “a amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
Para a coleta de dados será utilizada um instrumento de entrevista semi-estruturada que segundo Neto et al. (1999 p.74 ):

[...] está pensado para obter informações de questões concretas, previamente definidas pelo pesquisador, e ao mesmo tempo, permite que se realize explorações não-previstas, oferecendo liberdade ao entrevistado para dissertar sobre o tema [...]

Será utilizado análise de documentos arquivados na instituição objetivando identificar os ex-professores de Educação Física ou estagiários da instituição, seus projetos de intervenções e os atuais profissionais. Segundo Gil (1995, p.73)” [...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”.

CAPÍTULO I - APAE E SUA HISTÓRIA

Descerver os fatos de uma instituição renomada como Associação dos Pais e amigos dos Excepcionais demanda muitas pesquisas, pois, a mesma é marcada por uma trajetória de muitas lutas e conquistas devido a excelência dos serviços que vem sendo prestados à comunidade que dela necessita. Seus serviços oferecidos no tratamento e acompanhamento foram e continuam sendo responsáveis pela atenção especializada oferecida gratuitamente a aqueles sujeitos que apresentam algum tipo de necessidade educacional especial.
Segundo informa o site de Federação Nacional das APAEs [2005]. Disponível em: “a APAE é um movimento que se destaca pelo seu pioneirismo”, Acesso em: 20 mar. 2009. A primeira instituição surgiu no Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1954, a partir do desejo de uma mãe de uma criança com necessidade educacional especial em criar uma instituição especializada na atenção de crianças com deficiência mental. Sua fundadora Beatrice Bemis, procedente dos Estados Unidos e mãe de uma pessoa com Síndrome de Down, não se restringiu às ações desenvolvidas em seu país de origem, iniciando no Estado da Guanabara um movimento em favor da criança com deficiência mental. Já havia participado da fundação de mais de duzentas e cinqüenta associações em seu país.
No Brasil ficara indignada por não existir nenhum tipo de assistência a crianças com necessidades educativas especiais. Não sendo a única a precisar dessa assistência para sua filha. Imbuídos por um sentimento de ajuda, um grupo de pais, amigos, professores e médicos de excepcionais, fundaram a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Um Pouco da História do Movimento das APAEs, 2006).
Em meados de 1954 a 1962 surgiram novas instituições de assistência aos excepcionais, sendo que até o ano de 1962, foram criadas 16 escolas, onde 12 delas localizam-se no estado de São Paulo. Ainda nessa mesma data de 1962 acontecerão as primeiras reuniões com o objetivo de reunirem-se para debates de interesses do funcionamento da APAE no que se diz respeito ao atendimento, atividades e regulamentações, logo nessa reunião estavam APAEs de diversas localidades do Brasil, sendo estas: Caixias do Sul, Curitiba, Jundiaí, Muriaé, Natal, Porto Alegre, São Leopodo, São Paulo, Londrina; Rio de Janeiro, Recife e Volta Redonda (Op. cit).

Segundo o site da APAE de São Paulo (2006) em um pouco da história do movimento das APAEs  disponível em:, nesta renião presidida pelo Dr. Stanislau Krynsky, iniciou-se a primeira discussão sobre a problemática da pessoa portadora de deficiência com um grupo de famílias que trazia para o movimento suas experiências como pais de deficientes e, em alguns casos, também como técnicos na área
Como fruto trazido dessa reunião, observou-se que para uma melhor articulação de suas idéias, diante desses aportes, sentiram a necessidade de criar um organismo nacional que desse apoio e subsidiasse todas as outras instituições, servindo como um parâmetro. Colocaram-se em pauta duas idéias, sendo a primeira a formação de um Conselho e a segunda a criação da Federação de APAEs. Prevaleceu esta última que foi fundada no dia 10 de novembro de 1962, e funcionou durante vários anos em São Paulo, no Consultório do Dr. Stanislau Krynsky. O primeiro presidente da diretoria provisória eleita foi Dr. Antonio Clemente Filho (Ibidem).
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), segundo o site da Federação Nacional das APAES (2005), “é uma insituição filantrópica, não possuindo fins lucrativos, apresentando um trabalho de assistência gratuita, de caráter sócio-cultural, com duração indeterminada” . Acessado em: 20 mar. 2009. Atualmente a Federação das APAEs tem sede e fórum em Brasília-DF.
Com a expansão das APAEs para outras capitais e em seguida para o interior dos Estados, a entidade foi ganhando “status” quanto a excelência dos serviços e benefícios ofertados as pessoas com necessidades educacionais especiais. “Hoje, decorridos quarenta anos, são cerca de mil e quinhentas APAEs, espalhadas por todo o Brasil, tornando-se um dos maiores movimentos filantrópicos do Brasil e do mundo, na área de assistência” (Ibidem).
A APAE é uma instituição que congrega uma rede de pessoas, constituída por pais, amigos, voluntários, profissionais e parcerias com empresas e governos para a promoção e defesa dos direitos de cidadania da pessoa excepcional e sua inclusão social, de acordo com a FEDERAÇÃO NACIONAL DAS APAEs (2005),

Dispõem duzentos e dois conselhos regionais que deliberam os trabalhos das instituições nos estados. Além de 7 coordenadorias em nível nacional e estadual, que se dividem na ação da Educação e Ação Pedagógica, Artes, Informática, Saúde e Prevenção, Articulação e Captação de Recursos, Educação Profissional e Trabalho, Educação Física, Esporte e Lazer.

Para causar um impacto social a APAE começou a criar alguns mecanismos de divulgação de suas ações/atividades, a qual de acordo com Um Pouco da História do Movimento das APAEs (2006) disponível em: http://www.apaepr.org.br/files/Microsoft%20word%20%20historia%20do%20movimento%20-2006.pdf. Acessado em: 15 mar.2009 diz que as primeiras ações iniciaram em:

1963 foi editada a primeira revista chamada MENSAGEM DA APAE; em março, boletim da Federação Nacional das APAEs e em junho Anais da 1º Reunião Nacional dos Dirigentes APAeanos. Só em 2001 foi editada a revista Educativa, AMIGOS DA APAE e a revista Cientifica APAE CIENCIA. Em março foi editado o primeiro numero do jornal APAEANO NACIONAL.

Tal processo serviu como forma de divulgar os trabalhos das APAEs, bem como forma de sensibilizar a sociedade em geral a contribuir com a problemática da pessoa com necessidade educacional especial.

1.1 Educação Física e educação especial – Evolução histórica e suas contribuições para APAE

A educação especial se organizou como atendimento educacional especializado diferentemente ao do ensino comum, demostrando diversas compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização determina diversas formas de atendimentos clínicos terapêuticos fortemente fundamentada nos testes psicométricos que definem por meio de diagnósticos as práticas escolares para os alunos com deficiência.
No Brasil, o atendimento às pessoas com qualquer tipo de deficiência teve início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. Em meados do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos  dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.02461, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.
Bianchetti (1998 p.28) assim se expressa sobre a história da exclusão,

Esse processo de exclusão vem seguindo ao longo da história em outros períodos, tais como o escravista e na sociedade grega, onde necessitava de um corpo forte para o trabalho, na civilização grega que era dividida em Atenas e Esparta o corpo era comparado ao de uma máquina para a guerra. Outro período de exclusão foi o feudal, onde as pessoas que possuíam alguma anomalia eram tidas como pessoas sem alma, isso em decorrência da forte influência da igreja, sendo sacrificadas.

Nesse aspecto, o mesmo autor aponta que “No decorrer da história da humanidade, a forma como os homens e as mulheres trataram e continuam tratando o corpo, revestiu-se e reveste-se de uma quase total irracionalidade” (BIANCHETI, 1998 p.30).
Contudo, existiram três momentos marcantes na educação especial com a constituição de 1824 e 1891 e a introdução de 1934, que ressalta o processo educativo ao indivíduo com necessidade educacional especial, apregoa em sua constituição que:

O processo educacional possuía apenas cunho social e não educacional, nos artigos 37 não era dada a devida relevância aos portadores de necessidades educativas especiais, que até então não tinham apoio do sistema de ensino oficial para um atendimento escolar (Ibidem Pg 31).

Considerando e observando os alunos como um todo, a Educação Física respeita a pessoa e possibilita condições para os mesmos exercerem as liberdades naturais, o bem estar social e desenvolvimento do grupo – deveres sociais e fortalecer os valores que possam melhorar as condições da vida humana.  “na constituição de 1946, permaneceu, sem alteração, o direito de igualdade no parágrafo primeiro do artigo 141, mas no inciso XVI do artigo 157, cita-se o direito a previdência para trabalhador que ficar inválido”.
Não havendo mudanças significativas para a política das pessoas com necessidades educacionais especiais na constituição, a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 no seu artigo número II assevera que:  

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Para tanto, o documento Educação Física-Proposta de Unificação das Ações (2000) ressalta que com a promulgação da Constituição de 1967, em seu artigo 175 cita que:
Foi a primeira a citar a especificidade quanto à proteção e educação dos mesmos, além de manter os direitos adquiridos dos portadores de necessidades educativas especiais, adquiridos nas constituições anteriores. Em seu parágrafo quarto, elucida a elaboração da lei especial sobre a assistência desde a maternidade, à infância e à adolescência e sobre a educação dos excepcionais. Em 1971 na assembléia geral das nações unidas, é proclamado pela primeira vez, o direito das pessoas mentalmente retardadas. Em 1975 surge o direito dos deficientes. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional, Lei nº 5.692/71, em seu artigo 9º, destaca à assistência aos deficientes e superdotados.

Com a mudança trazida diante da Constituição e da Declaração dos Direitos Humanos, surgem novas tendências no processo educacional, a partir da década de 70, o ensino fica mais individualizado e o processo do ensino-aprendizagem busca atender o indivíduo particularmente.
Diante da referência da APAE no país, em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, no Ministério da Educação e Cultural, para subsidiar a formação da Política Nacional de Educação Especial (Ibidem). Para Carmo (1991, p. 101):

O CENESP pode ser considerado o primeiro por parte do Estado no sentido de traçar planos políticos de âmbito nacional na área de Educação Especial, pois, até a sua criação, o que ocorria eram eventos isolados e ações e casuísticas de assistência educacional aos deficientes. O I PLANESP – Plano Nacional de Educação Especial 77/99 – priorizou o ensino regular aos excepcionais, buscando assegurar igualdade de oportunidade a pessoas com deficiência, oferecendo diversas áreas de estudos e dentre elas a educação física, agindo como agente facilitador do processo de aprendizagem.

“O CENESP – Centro Nacional da Educação Especial, é a primeira instituição criada para subsidiar a Educação Especial, e criar planos políticos, eventos e ações para atender as pessoas com necessidades educacionais especiais” (Educação Física-Proposta de Unificação das Ações, 2000). O referido centro prioriza o ensino regular dos indivíduos com necessidades educacionais especiais, e busca assegurar a igualdade e oportunidade.
Com a criação do centro, a educação especial, passou a ser compreendida como um processo relevante quanto a oferta de uma educação especializada para os indivíduos com necessidades educacionais especiais, contribuindo, assim, para melhoria nas condições sociais e uma educação gratuita (Ibidem). Mas, só no ano de 1967, foram adquiridas novas melhorias, graças à emenda nº 12 da constituição de 1967 que trazia:

Artigo Único – É assegurado aos deficientes à melhoria de sua condição social e econômica especialmente mediante: I – Educação especial é gratuita; II – Assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do país; III – Proibição de descriminação, inclusive quando à admissão ao trabalho ou ao serviço publico e a salários; IV – Possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos.

A Constituição de 1988 condensa todos os ganhos das constituições anteriores sobre os indivíduos com necessidades educacionais especiais, mas de forma fracionada em artigos, e dentre esses se destaca, o artigo 205 que assegura o direito à educação especial2 e o incisivo III do artigo 208 que trás a obrigatoriedade do ensino especializado para todos os alunos com deficiência.
Diante de várias reuniões das Federações das Apaes, cria segundo Educação Física-Proposta de Unificação das Ações “um atendimento especializado aos alunos com necessidades educacionais especiais, oferecendo, ações na área de educação, saúde, assistência social, cultura, esporte e lazer e meio ambiente”.
A política educacional voltada para a Educação Especial, aplicada pelo Estatuto das APAEs diz que:
Art. 2º § 1º – A APAE tem por MISSÃO promover e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientações, prestação de serviços, apoio à família, direcionadas à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e à construção de uma sociedade justa e solidária.

Nesse sentido as APAEs são entidades de suma importância para essas pessoas como necessidades especiais uma vez que a mesma  proporciona a esses indivíduos atividades de intregração social e promove diversas atividades socio-educativas, e por isso a importância de um Profissional de Educação Física atua nessas entidades para que possa realizar atividades direcionadas respeitando suas limitações.
A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece às Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nos seus artigos 58, 59 e 60, garante educação as pessoas com necessidades educacionais especiais desde seu nascimento, com um método específico para atender sua necessidade. No inciso III do artigo 59, afirma que està deve: oferecer professores com especialização adequada, e capacitados para atender os inidivíduos com necessidades educacionais especiais e integrá-los ao meio.
Foi através de diversas reuniões centralizadas, discutidas na Conferência Mundial em consonância com a LDB, que se estabeleceu que as escolas municipais, estaduais e não só as APAEs, trabalhariam com o público com necessidade educacional especial, por meio de cursos e capacitações continuadas, direcionadas a diversas disciplinas e ao nível de escolarização Educação Física-Proposta de Unificação das Ações (2000).
No artigo 58, preconiza a oferta da Educação Especial, preferencialmente no ensino regular, mas, em alguns casos serviços especializados para os que não podem ser integrados nas classes do ensino comum.
A LDB garante ainda, que os sistemas de ensino assegurarão para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica.
Nessas circunstâncias, as adaptações curriculares constituem-se em medidas ou conjuntos de medidas que buscam flexibilizar e adequar o currículo geral, tornando-o apropriado às especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. São intervenções educacionais necessárias que permitem ao aluno melhorar sua situação de relacionamento na escola, a fim de obter sucesso nos processos de aprendizagem.
Nestes termos, a Educação Física-Proposta de Unificação das Ações (2000) ressalta os principais valores da APAE, desde a sua criação e desenvolvimento ao decorrer de todos esses anos, tais como:

Justiça, onde todos têm direitos que podem ser adquiridos. Liberdade, de expressão e participação no meio. Autonomia, para freqüentar e se manifestar. Respeito, para com todos do meio. Cooperação, do meio e dos indivíduos que fazem parte de sua vida. Fraternidade, união de todos para uma melhor aceitação de suas individualidades. E Participação no meio em que vive e em suas eventualidades.

Na estrutura do projeto das APAEs, segundo Educação Física-Proposta de Unificação das Ações (2000) está divide-se em áreas temáticas: “Educação e Ação Pedagógica, Artes, Informática, Saúde e Prevenção, Articulação e Captação de Recursos, Educação Profissional e Trabalho, Educação Física, Esporte e Lazer”.   
Contribuir para o processo educacional é a meta da APAE, e a Educação Física deve estar incluída nesse processo, ajudando a desmitisficar o preconceito sobre o corpo, valorizando e respeitando a participação do indivíduo no meio social, estimulando a interação de todos, favorecendo a construção de valores e atitudes por meio da cooperação e solidariedade (Ibidem).
Diante do preconceito, faz-se necessário desmistificar essa idéia de pessoas com deficiência como seres incapazes. Deve a educação física estimular a interação através de suas atividades físicas, construindo valores e atitudes, através do “desenvolvimento da consciência e expressão corporal, de forma lúdica e criativa, mediante a participação no processo de planejamento, realização e avaliação das atividades” (Educação Física - Proposta de Unificação das Ações, 2000).
Assim, a educação física através de seus profissionais possui como requisito auxiliar na construção de um novo processo menos excludente, adequando suas metodologias de ensino no atendimento às características de cada indivíduo com necessidades educacionais especiais, respeitando suas diferenças individuais, agindo num processo de atuação docente por meio de um planejamento eficiente e eficaz, visando atender às necessidades de seus alunos.
A educação física, sendo adaptada ou não, pode ser uma forma de proporcionar ao aluno a apreensão de novos movimentos, de lazer e recreação, de aprendizagem de novos jogos e brincadeiras e também uma oportunidade de competição e integração com outros alunos, servindo a objetivos educacionais ligados a sua independência e aos contatos sociais.

A Federação Nacional das APAEs, buscando a garantia do direito às atividades de Educação Física Escolar, Desporto e Lazer às pessoas portadoras de deficiências, cria esta Proposta de Unificação das Ações da Educação Física integrada à proposta da APAE Educadora, por entender a Educação Física como componente curricular e meio valoroso e efetivo no processo de desenvolvimento integral do individuo, além de possibilitar um estilo de vida ativo dos seres humanos (Educação Física - Proposta de Unificação das Ações, 2000).

Neste contexto, a educação física está vinculada a uma visão do saber-fazer, possibilitando uma nova intervenção pedagógica na Educação Física, colaborando com o processo inclusivo no sentido de democratizar, diversificar e humanizar essa prática.

CAPÍTULO II - HISTÓRICO DA ESCOLA APAE LAGARTO-SE

Em 05 novembro de 1987, foi fundada a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais da cidade de Lagarto/SE (APAE/Lagarto), essa nasceu através da iniciativa de um grupo de pessoas da comunidade, pois na época os Portadores de Necessidades Especiais existentes na cidade não recebiam nenhum tipo de atendimento por parte dos órgãos públicos, tão pouco pela iniciativa privada. Desde então, vem desenvolvendo atividades voltadas para o atendimento deste público. As principais finalidades de acordo com o Estatuto são: Assistência Social com o objetivo de proporcionar Proteção Social, ainda contribui também para o processo educacional com diversas formas de Educação/Ensino para as crianças com necessidades especiais, a APAE de Lagarto também proporciona serviços em Saúde especial Amparo a Crianças e Adolescentes com Proteção à Família.
A APAE da cidade de Lagarto-SE atualmente tem como seu Presidente José Charles de Sales de Abreu, como Vice-Presidente Gisenelma Costa Freire, como primeira diretora Secretáriaa senhora Maria de Fátima Tavares, como segundo Secretário José Rinaldo de Almeida, como primeiro Diretor financeiro José Emilio de Jesus, e segunda Ivonete Severo de Lima e por fim o Diretor do Patrimônio que é composto pelo senhor Rubinaldo do Nascimento Santos.
O plano assistencial dessa instituição dispõe de uma assistente social dando orientações individuais e familiares, entrevistas diretas, relatórios, acompanhamentos, encaminhamentos, reuniões, trabalhos externos, elaboração e execução de projetos, eventos sociais, dentre outros. serviço pedagógico alfabetização, atividades da vida diária, estimulação precoce, terapia ocupacional, dentre outras, serviço de fisioterapia alongamento, fortalecimento em colchão, bola e escada, alimentação escolar, transporte escolar, projeto educação esportiva, projeto lazer da APAE, projeto comunidade em ação, projeto festas e foguedos e projeto família e escola. Todos esses planos segundo relatos da funcionária (CARVALHO 2009) “tem por finalidade fazer com que essas pessoas com deficiência tenha um acesso a vários atendimentos que por sua vez farão com que elas tenham um desenvolvimento biopsicossocial mais depurado do que as crianças que não tem acesso a esses planos”.

2.1 Educação Física na APAE de Lagarto-SE – Uma discussão acerca das habilidades básicas que devem ser desenvolvidas;

A maioria das pessoas com necessidades especiais foram e são excluídas das aulas de Educação Física (EF) dentro do âmbito escolar, porém dentro das unidades de ensino como as APAEs elas tem um poder ainda maior de participação por parte das crianças, uma vez que a demanda é muito carente desse tipo de atividade física, logo a  participação dessas crianças nessa aula pode trazer muitos benefícios particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social.
A Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) dividem a Educação Física em: EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 anos) 1ª fase; EF Escolar para o Ensino Fundamental e Educação Profissional para os Ciclos de: Escolarização Inicial (7 a 14 anos) 2ª fase; Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos) 3ª fase. Portanto é de suma importância a inserção de profissionais de EF nestas instituições em foco a APAE de Lagarto-SE para que possa ser feito um trabalho seguindo não só a faixa etária mais respeitando também suas limitações entendendo que cada criança que faz parte dessas instituições possuí capacidades físicas diversificadas, sobre isso TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005 cap. 2.4 cita os níveis de aprendizagem divididos em:
Nível I: Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulação das percepções motoras, sensitivas, e mental com experiências vividas do movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais. Nível II: Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de atividades coletivas, visando à adoção de atitudes cooperativas e solidárias sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais. Nível III: Estimulação específica e iniciação esportiva; aprendizagem e desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação esportiva; treinamento de habilidades esportivas específicas, visando à participação em treinamento e competições.

Nas fases II (Escolarização Inicial) e III (Escolarização e Profissionalização), há três níveis de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção do aluno dever-se-á considerar suas condições físicas momentâneas. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005).
Todas essas fases devem ser substancialmente respeitas tendo em vista que as crianças com necessidades especiais possuem algumas limitações e que devem ser respeitadas pelo profissional atuante dentro dessas instituições de ensino, logo se faz necessário que existam políticas públicas para que essas instituições possam inserir profissionais formados para atuarem com essas crianças de forma  adequada, uma vez que foi constatado que alguns funcionários da APAE de Lagarto-SE sentem um grande receio quando os alunos passam por crises conclusivas entre outras alterações, e que os mesmos não sabem como atuar em meio as crises das crianças.
Mesmo sabendo que é de fundamental importância o cuidado que esses voluntários têm com as crianças tratando as mesmas com bastante amor, carinho e afeto devemos então aliar esse trabalho voluntário para que esse serviço possa ficar ainda melhor fazendo com que eles tomem a iniciativa de fazer cursos e treinamentos ministrados por profissionais de Educação Física dentro da instituição de ensino para que em situações de risco eles possam atuar da melhor forma possível, sabendo que nem sempre a instituição terá um profissional em tempo integral.
Logo é de extrema urgência que essas instituições de ensino façam a inserção desses profissionais não só para dar assistência às crianças mais também às outras pessoas que trabalham diretamente com elas. Através de relatados feitos pela secretária desta instituição de ensino da cidade de Lagarto-SE (CARVALHO 2009) onde diz que:
Os meninos precisam realmente de atividades que desenvolva a musculatura deles, “movimentos”, é assim porque agente viu que em sala de aula não tem muito rendimento mais eu vejo assim que na atividade física eles se envolve, eles brincam, eles gostam então assim se tivesse um profissional voltado para desenvolver uma atividade física.

Através dos relatos da secretária da APAE de Lagarto-SE a Educação Física tem um papel importante dentro da instituição, uma vez que, as crianças conseguem se interagir mais nas atividades físicas, e que através de jogos e brincadeiras nos profissionais de (EF) conseguimos atingir várias competências e habilidades dessas crianças. Portanto a Educação Física dentro desse contexto tem um papel primordial na qualidade de ensino dessas crianças promovendo atividades interdisciplinares fazendo links com diversas áreas de ensino através do jogo deixando assim as atividades mais lúdica.
Portanto para essas crianças é necessário que se desenvolva uma prática educacional mais específica no sentido de ampliar as suas capacidades como um todo, logo para cada deficiência é enfatizado um tipo de cuidado no trabalho educativo para que esses capacidades sejam atingidas de acordo com a deficiência de cada uma, sobre isso os Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física (2007) diz que:
É fundamental, entretanto, que alguns cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, deve-se analisar o tipo de necessidade especial que esse aluno tem, pois existem diferentes tipos e graus de limitações, que requerem procedimentos específicos. 

Portanto a Educação Física deve estar inserida nesse contexto uma vez que o trabalho deverá ser específico para cada indivíduo de acordo com sua deficiência física para que as atividades executadas atinjam suas capacidades físicas.
A instituição supracitada dispõe de uma piscina e uma sala para aulas de aeróbica mais infelizmente não possui em seu quadro de funcionários um professor de Educação Física para executar um trabalho direcionado como foi bem citado por (CARVALHO 2009) onde diz que “A piscina já tem 4 anos mais ou menos, os meninos tem aula? Não é bem uma aula, mais um banho por que não dispomos de um profissional capacitado para fazer esse trabalho tanto de natação quanto de dança”, logo ficou exposto pela secretária a importância de a instituição ter em seu quadro de funcionários esse profissional por dispor de uma estrutura física favorável a pratica de atividade física mais porem não dispõe de um profissional capacitado para estar fazendo um trabalho direcionado com eles.

CONCLUSÃO
Como a Educação Física é uma disciplina obrigatória no Ensino Fundamental, Médio e especial com fundamentação na prática desportiva, física, emocional, social, entre várias outras habilidades ela tem uma importância muito significativa tendo em vista que, tanto do âmbito escolar quanto em instituições que promovem a educação inclusiva e trabalham com pessoas com necessidades especiais como as APAE”s, a disciplina tem como intuito o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas, afetivas e de saúde, logo se vê a importância a inserção desses profissionais.
 A Educação Física como promotora de melhorias na qualidade vida, se faz necessário uma reflexão sobre a importância desses profissionais nas APAEs de todo o Brasil dentre elas a da cidade de Lagarto-SE, onde foi identificado que por falta de recursos e pouco incentivo por parte dos poderes públicos não possuí profissionais formados em Educação Física, pois a instituição depende de doações de todas as formas para se manter ativa, mas dentre essas doações a financeira é a que menos acontece sendo que a grande parte dessas doações são em materiais.
Partindo desse pressuposto nota-se que é necessária a introdução de práticas de exercícios físicos regulares para essas crianças com necessidades especiais, para promover a manutenção ou melhoria da aptidão física do aluno que por sua vez tem suas limitações, e os voluntários que mesmo com muita força de vontade para dar a melhor assistência não possuem a formação específica para atuar com essas crianças assim não possibilitando seu desenvolvimento biopsicossocial de forma adequada.
A presente pesquisa serviu para mostrar a situação que esta instituição passa, onde a mesma atualmente se mantém ativa graças a ajuda de um empresário da cidade e uma pequena ajuda da prefeitura e por voluntários que tentam ajudar da melhor forma possível a instituição, mas se faz necessário uma ressalva sobre a inserção de profissionais formados e qualificados para proporcionarem um serviço mais específico para essas crianças com necessidades especiais. Sabe-se que a qualidade dos serviços seria muito melhor se a instituição obtivesse esses profissionais, uma vez que são pessoas mais capacitadas para direcionar atividades físicas de acordo com a limitação de cada um não expondo essas crianças a problemas psicomotores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGGRÁFICAS

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CARVALHO, Vera Lucia Fontes; Entrevista concedida ao autor no dia 10/09/09: Lagarto, 2009











ANEXO














No inicio quando você veio pra a instituição qual era o tipo de estrutura física que tinha a Apae?

Quando eu vim pra Apae ela funcionava ainda na Presidente Vargas nº 93, era um monte de meninos em uma mesa onde eles chegavam jogava um monte de brinquedos assim que as pessoas não queriam mais e assim eles passavam o dia e ai brincava ali, não tinha assim uma atividade direcionada para os meninos, aquilo angustiava a mim e a um monte de gente porque era assim é como se eles não tivessem capacidade nenhuma.

Existia algum professor?

Tinha ainda são esses que estão aqui, alguns deles ainda estão aqui, então ali passava a manhã a turma da tarde chegava do mesmo jeito, então era uma casinha assim muito pequenininha se você passar pela frente da 93 ali nas emediações onde era o deguste fica mais ou menos ali nas proximidades, então assim era aquele aperto na salinha que eu fui pra ficar funcionava a sala de fisioterapia, funcionava o almoxarifado e funcionava a secretaria;

Como era a estrutura Física das salas?

Era aquele sanduíche que você põe tudo no lugar só, a cozinha não tinha espaço para os meninos se expandir. Quando eu entrei já estava sendo construída uma pequena sede aqui, já havia seu Artur na época que havia doado esse terreno e assim já tinha construído o finalzinho da Apae, já tinha uma sala, uma salinha pra fisioterapia que era a secretaria junto e não separou e eu ainda fiquei anexa a sala de fisioterapia né, e daí já começou a mudança porque além da construção ser pequena mais tinha um terreno todo a frente pra que os meninos se soltassem e mesmo assim foi muitas dificuldades porque agente colocava as portas as pessoas vinham e carregavam as vezes colocava instalação o povo vinha e tirava.

Quando a APAE funcionava na rua Presidente Vargas o quadro de funcionários que tinha eram quantos?

Em média era 5 a 6 só.

E os professores que trabalhavam nessa época ainda atuam na instituição?

Sim, ainda tem 2 que trabalha.

Na época só tinha duas?

É duas e uma pessoa que fazia o lanche nos dois horários e ainda limpava a Apae também, os funcionários também além de ensinar os meninos limpava a Apae e cuidava do serviço geral; Hoje que ta específico a função de cada um.

São duas cozinheiras atualmente?

Sim.

Como você ver a importância de ter um profissional formado na área de Educação Física nessa instituição?

Olhe o que eu vejo é que os meninos precisam realmente de atividades que desenvolva a musculatura deles os movimentos, e assim porque agente viu que sala de aula não tem muito rendimento mais eu vejo assim que na atividade física eles se envolvem, eles brincam, eles gostam então assim se tivesse um profissional voltado para desenvolver uma atividade física, inclusive agente já foi pra uma olimpíada em Santa Catarina mais eu assim só foi a nível de participação e por que as meninas praticamente forçava que a Apae participasse mais assim eu ainda tenho as medalhas que eles trouxeram de Blumenau e assim o avião eu  fui lá registrar mais não fui com eles, mais eu sair de rua em rua de loja em loja tentando arrumar recursos para que os meninos fossem e assim eles acabaram fazendo a participação deles do modo deles mais eles foram e assim outros convites surgiram mais assim eu queria que eles fossem mais tivesse uma preparação, eu não acho justo pegar 3 meninos sem nunca ter arremessado nada e levar para um arremesso de peso, ou então pegar 3 meninos pra disputar corrida sem eles terem preparação nenhuma se na minha consciência eu sei que toda atividade que você faça precisa estar condicionado aquilo, um dia eu fui correr assim aleatoriamente não tem  essas corridas de rua, rapaz disparei quase morro, então quando convidam pra alguma coisa eu fico sempre descartando, descartando por falta de uma preparação.

Atualmente quais são as atividades que são promovidas aqui com relação a atividade física na Apae com esses professores voluntários?

Só tenho um menino Josival que faz atividades duas vezes pela manha ele vem as terças e quintas, eu to batalhando pela terça e sexta pela manha quanto pela tarde, então de atividade física que os meninos ta desenvolvendo só é essa. Que o banho de piscina não sei nem se pode ser considerado uma ativdade física se não tem alguém orientando eles aqui, a piscina em termo de tamanho é só pra refrescar. Então as atividades físicas é aeróbica, as vezes pouco de localizada, na piscina quem acompanha os meninos são os professores da sala.

Sobre a diferença entre esses trabalhos feitos com essas crianças voluntariamente não específico sendo uma pessoa que não possuí a formação e uma atividade que seja feita com essas crianças direcionadas por um profissional da área, qual a diferença?

Oi eu acho assim que uma pessoa que vem voluntariamente você não pode cobrar nada e quando você tem uma pessoa que vai, então eu acho que tudo hoje é feito em projeto em cima daquilo que vai ser desenvolvido com início, meio e final e eu acho assim pelo pouco que eu fiz pedagógico também agente tinha metas a ser alcançadas, então assim no final você vai fazer uma avaliação e ver se  aquele trabalho desenvolvido durante o ano valeu, mais quando uma pessoa se propõe a fazer um trabalho desse você cobrar o que, do profissional em si você pode esperar alguma coisa porque ele tem a formação dele e quer ver alguma coisa, você não quer passar 1 ano inteiro sem finalidade nenhuma, você não vai querer dizer, poxa eu fiquei na Apae durante 1 ano e não vi nada alcançado, oi eu trabalho todo dia e quando eu chego eu coloco 10 coisas pra resolver no final do dia eu pego a canetinha e saiu riscando pra ver o que eu conseguir desenvolver  durante o dia, o que ficou o que não deu no próximo dia é o primeiro da lista e assim eu vou tentando, não é dizer que ta certo mais pelo menos eu sei que eu fiz alguma coisa. Eu estava chegando aqui 200 coisas e eu não tava conseguindo conciliar, ai chegou uma hora que eu parei e agora eu vou relacionar o que eu puder realizar durante o dia, marco a entrevista, tenho que ver a cozinha, tenho que fazer as compras, ver o computador que está quebrado, a torneira que esta pingando. Pra você ver pouca gente mim incomodou porque eu disse agora de tarde eu marquei pra atender, porque você sabe dois sentidos, você sabe desse ditado   ou você assa o milho ou faz outra coisa ai é como o profissional aqui, oi Camila fez um trabalho aqui que eu posso durar ainda muito tempo, ela tem um gênio esquentado mais na função na função dela possa ter que eu tenha alguém pra igualar a ela mais pra superar vai ser poucas, pois pense numa profissional esquentada mais em termo de profissionalismo a Apae perdeu e perdeu feio, mais infelizmente você não pode impedir que o profissional conquiste suas melhoras.

Nas diversas áreas que vocês desenvolvem atividades, se você tivesse um quadro de funcionários em cada área formado, como você acha que seria a Apae?

E que cada um fosse consciente da sua responsabilidade porque você sabe tem profissionais e profissionais, eu acho que assim os meninos teria muito melhor desenvolvimento é como diz cada um no seu quadrado, o povo acha aquela musica do ado, ado um horror mais você sabe que dentro de uma instituição se cada um ao invés de ficar tomando conta da vida dos outros, pegasse seu quadrado e tomasse a história é outra, você trabalha com um grupo de funcionários você sabe que na maioria na vai desenvolver seu papel na instituição vai ver o você ta fazendo, o que a secretaria ta fazendo não se envolve no seu quadrado. Aí eu vejo mesmo sem aquele técnico especializado eu sinto muita necessidade que cada um cuidasse do seu quadrado.

Sobre o quadro funcional hoje da diretoria?

É um presidente, 1 diretor financeiro, são os dois mais quando pode estar aqui seu Zé diretor financeiro vem as terças e quinta pela manhã. Charles é mais assim quando eu do um toque no celular dele ele já mim retorna, quando ele não pode vim até os funcionários da loja dele mim assessora, como hoje de manhã 2 dos meninos dele passaram a manhã toda aqui tentando consertar os computadores, então assim ele não tem muita presença aqui, mais assim ele contribui indiretamente, ta sempre contribuindo com a Apae.

Motorista são quantos?   

São 2 motoristas  e 2 carros

A piscina ela foi construída esse ano (2009)?

Não essa piscina já tem 4 anos mais ou menos, ainda foi na outra presidência mais foi Charles também que doou a única coisa que a Apae entrou ali foi com o terreno e a cobertura, agora estrutura, montagem; Mais ela continua ativa? Continua. Mais os meninos tem aula?
Não é bem uma aula, mais um banho, por que não dispomos de um profissional capacitado para fazer esse trabalho tanto de natação quanto de dança, e geralmente é a quinta pela manhã, porque agente não deixa que use um pela manhã e outro pela tarde, então assim agente coloca uma turma para usar pela tarde e outra pela manhã, por exemplo usa na quinta pela manhã, ai limpa coloca o produto no outro dia pela manhã tira e os meninos usam pela tarde, porque ela é muito pequena, então não acha aconselhável uma turma usa pela manhã e outra pela tarde.
Ela porta quantas pessoas? Geralmente agente deixa 5 a 6 não tem área pra mais do que isso.





Agora sobre o quadro de professores?

A fisioterapeuta atende na sala de fisioterapia dela dentro da especialidade dela, geralmente para cá que precisa de fisioterapia tem um relatório do médico pedindo as sessões, no caso eles só fazem fisioterapia com encaminhamento também. Professores agente tem agora 6 salas, funciona 3 pela manhã e 3 pela tarde, nessas 6 salas eu tenho 7 professores porque tem uma sala que não pode ficar com uma pessoa só, porque tem meninos assim muito dependentes.

E esse projeto pedagógico?

Esse trabalho está sendo desenvolvido no Sílvio Romero, então desde que abriu essa sala especial lá agente deixou de receber e colocamos os meninos pra la na nesta sala.
30 pela manhã, 30 pela tarde e 25 na fisioterapia é que eles são muitos, mais muitos são faltosos quando você pensa em cortar o nome de alguém eles voltam, Damião estava um tempão sem vir ai hoje eu disse eu vou esperar Damião mais uma semana se ele não aparecer eu vou substituir, hoje ele voltou, e assim geralmente os familiares eles querem resultados, assim acho que eles queriam que eles ficassem 1º, 2º, 3º e 4º ano e que se alfabetizasse direitinho e que fosse passando igual aos ditos os normais, que vai para 1ª, 3ª, mais assim eles não memorizam praticamente nada, você passa um tempão ensinando a, b, c e eles as vezes faz até um bolo na sala com o alfabeto, mais no outro dia se você perguntar ninguém sabe, ou então aprendeu hoje que essa tesoura é vermelha amanhã se você perguntar diz que é azul e sai daqui hoje dizendo que a tesoura é vermelha.

Mais o objetivo desses alunos quando eles ingressam aqui na Apae eles tem uma fase que eles vão concluindo as séries (ensino fundamental e médio)?

Oi quando o pai e a mãe geralmente trás pra cá é na expectativa agora assim o que agente conseguiu mais foi inserir esses meninos nas atividades assim diárias, coisa que pra gente é corriqueira mais pra os meninos não, como vestir uma camisa, vestir uma calça, botar um sapato no pé, aprender a ter o hábito de escovar os dentes todos os dias que isso aqui é sagrado, agente ensina todos os dias, não sabemos se em casa os pais dão continuidade mais é uma fase pra pelo menos ter autonomia na fase diária, é uma das metas da Apae é essa, porque agente tem alfabetizar. Um dia faltou um professor e eu fiquei na sala, e eu queria ver as potencialidades desses anos todo e assim foi uma surpresa desagradável, eram alunos que você achava que poderia já estar avançado? Exatamente, é assim é a salinha dos meninos considerados mais inteligentes da Apae, assim porque vem aqui conversa como agente como eu to conversando com você é assim o modo, até se paqueram é a turminha que mais mim dá trabalho, ninguém pode tirar o olho, exatamente por não ter malícia você não pode tirar o olho, pensam que pode beijar todo mundo, então você não pode tirar o olho um segundo, eu sei que você vendo é que você ver a realidade, se você pegar um menino desse e fizer uma pesquisa você entende o que eu estou falando e ultimamente tem mim deixado frustada no sentido assim não sei, eu fiz fisioterapia um tempo, foi quando eu mim conscientizei que eu não posso resolver os problemas do mundo. Então é cada um no seu quadrado eu to tentando mim moldar aqui no meu quadrado, e deixando que a coordenadora pedagógica tome conta lá.

CARVALHO, Vera Lucia Fontes; Entrevista concedida ao autor no dia 10/09/09: Lagarto, 2009

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