domingo, 31 de julho de 2011

Administração de drogas em Crianças

O processo de absorção, distribuição, metabolismo e excreção em crianças sofre profundas mudanças com a utilização de drogas.

Fatores a serem considerados pela enfermagem na administração de drogas em crianças
1. Absorção:
• A absorção da droga pela criança depende de propriedade física, outras drogas, substâncias, alimentação, mudanças fisiológicas e doença.
• O pH gástrico de um recém-nascido é neutro ou levemente ácido e torna-se mais ácido no recém-nascido mais maduro; esse fato altera a absorção da droga.
• Vários alimentos infantis ou o leite podem aumentar o pH gástrico, impedindo a absorção da droga. Se possível, administre a droga na criança com o estômago vazio.
• O esvaziamento do estômago e intestino na criança é mais lento do que no adulto, o que pode afetar a absorção. Diarréia também pode alterar a absorção.

2. Distribuição:
• Como na infância a absorção muda no organismo de acordo com o peso e a fisiologia, a distribuição da droga pode ser alterada.
• Em um prematuro, cerca de 85% do peso total é líquido; em uma criança a termo é de 55% a 70%; em um adulto, 50% a 55%. Os fluidos intracelulares têm pouco efeito na dosagem da droga.
• Os fluidos extracelulares influenciam a concentração da droga porque esta é distribuída através dos fluidos extracelulares para atingir seus receptores.
• Como resultado da diminuição da concentração de albumina ou ligação intermolecular entre a droga e a proteína plasmática, muitas drogas ligam-se em menor quantidade à proteína plasmática em crianças do que em adultos.

3. Metabolismo:
• A capacidade de um recém-nascido metabolizar uma droga depende de seu sistema hepático. Certos mecanismos de metabolização em um recém-nascido não estão desenvolvidos.

4. Excreção:
• A excreção renal da droga é feita na filtração glomerular. Devido a muitas drogas serem excretadas pela urina, o grau de desenvolvimento renal ou a presença de doença renal podem afetar a dosagem na criança.
• Se a criança está impossibilitada de excretar a droga pela via urinária, um acúmulo da droga pode ocorrer, e o resultado é toxicidade, a menos que a dose seja reduzida.
• Em uma criança de 2 até 5 meses de idade as partes glomerular, tubular e a alça de Henle estão em desenvolvimento. A maturidade de excreção tubular ocorrerá de 7 a 12 meses de idade.
• Portanto, a criança tem, até os 12 meses de idade, uma lenta filtração glomerular.

Cuidados de enfermagem na administração por via oral
1. Quando administrar medicação em uma criança, aplique-a em suspensão, com uma seringa; nunca use um copo.

2. Levante a cabeça da criança para evitar aspiração: pressione seu queixo para baixo para evitar que engasgue.

3. Coloque a medicação na mamadeira.

4. Se a criança tem idade acima de 1 ano, explique a ela como você lhe dará a medicação; solicite a colaboração dos pais.

5. Não misture medicação com alimentos nem chame a medicação de bala, ainda que esta tenha um sabor doce.

6. Ofereça a medicação em colher ou copo graduado.

7. Se a criança tem idade para engolir a medicação, ofereça água ou suco de fruta. Lembre-se de que o leite pode interferir na absorção.

Cuidados de enfermagem na administração por via intravenosa
1. Evite puncionar veia na região da cabeça, pois podem ocorrer infiltração e desfiguramento temporário; atualmente não se utiliza esse procedimento com a freqüência com que se fazia no passado.

2. As extremidades são os locais de acesso mais indicados.

3. Proteja o local da punção, para não ocorrerem acidentes.

4. Restrinja os movimentos da criança somente se for necessário.

5. Monitorize o gotejamento e o local da punção (flebite, extravasamento e infecção).

6. A contagem do gotejamento não deve ser feita quando a criança estiver chorando ou agitada, porque isso pode interferir no gotejamento.

7. Algumas drogas precisam ser diluídas; use o mínimo de solução para diluí-las e monitorize o balanço hídrico.

Cuidados de enfermagem na administração por via intramuscular
1. A via intramuscular é escolhida quando não pode ser usada a via intravenosa, e for necessária rápida absorção.

2. Para determinar o local correto, considere idade, massa muscular e estado nutricional do paciente, além da viscosidade da droga; relate e mude o local da injeção.

3. Explique à criança que a aplicação causará dor, mas que a ajudará a melhorar. Segure-a durante a aplicação e depois conforte-a.

Cuidados de enfermagem na administração tópica
1. Use medicação em gotas no ouvido em temperatura ambiente, porque medicação fria pode causar dor e tontura.

2. Para gotas no ouvido, em crianças menores de 3 anos, puxe o lobo para baixo e para trás; nas crianças maiores de 3 anos, puxe a parte superior da orelha para cima e para trás.

3. Evite usar inalantes em crianças muito pequenas, pois elas dificilmente colaboram.

4. Antes de oferecer um inalante a uma criança maior, explique que ela pode colaborar segurando a máscara.

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