domingo, 31 de julho de 2011

Administração de Medicamentos na Enfermagem (AME)

Descrição da ação, reação e interação das drogas

A administração de drogas no organismo humano provoca uma série de efeitos psicoquímicos. O primeiro efeito ocorre quando a droga combina com a célula receptora. O resultado da ação da droga é conhecido como efeito da droga. A ação da droga pode ser local, sistêmica ou ambas. O efeito local acontece através da aplicação local, e a absorção transdérmica pode causar efeitos sistêmicos.

Fatores que alteram a ação da droga
1. Absorção: antes de a droga poder agir no organismo ela é absorvida pela corrente sangüínea. Uma vez que a droga é absorvida pelo sangue, ela está pronta para produzir o efeito. Normalmente a via de administração mais usada é a via oral. A droga em comprimido pode ser absorvida em pequenas partículas, se quebrada ou macerada, podendo então ser dissolvida em suco de fruta. Somente depois de dissolvida é que a droga poderá ser absorvida pelo sangue. Uma vez absorvida pela circulação sangüínea ocorrerá o efeito da droga. A absorção pode ser completa ou parcial, dependendo de vários fatores que determinam o tempo de absorção. Os fatores são: efeitos psicoquímicos, interação da droga, via de administração e característica do paciente. As soluções que não precisam ser desintegradas e dissolvidas são absorvidas mais rapidamente. A administração intramuscular é primeiro absorvida pelo músculo para depois atingir a corrente sangüínea. A droga administrada por via intravenosa é imediatamente absorvida.

2. Distribuição:
após a absorção da droga pela corrente sangüínea, esta atinge vários tecidos do organismo. As variações individuais de cada paciente podem alterar a distribuição da droga no organismo. Por exemplo, em um paciente com edema a dose será distribuída em volumes maiores do que os distribuídos em um paciente que não apresenta edema, e em alguns casos será necessário aumentar a dose. Se o paciente se apresenta gravemente desidratado, a droga será distribuída em pequenos volumes, então a dose será diminuída. O paciente obeso apresenta outro problema com a distribuição. Algumas drogas, tais como a digoxina e a gentamicina, não são muito bem distribuídas no tecido adiposo.

3. Eliminação da droga
(metabolismo e excreção): muitas drogas são metabolizadas no fígado e excretadas pelos rins. Disfunções hepáticas podem afetar o metabolismo das funções do fígado. Em pacientes com disfunção hepática, o metabolismo da droga pode ser aumentado, diminuído ou inalterado. Certamente todos os pacientes com disfunção hepática devem ter as funções hepáticas monitorizadas. Para maior segurança, as funções renais devem estar adequadas, ou a droga pode se acumular, causando efeito tóxico. Algumas drogas podem alterar o efeito e a excreção de outra droga. Uma droga pode estimular ou inibir o metabolismo das enzimas hepáticas, alterando o desempenho metabólico, o que muda o efeito da droga. Algumas drogas podem bloquear ou aumentar a excreção de outra droga, causando acúmulo e aumentando seu efeito; se causar rápida excreção diminuirá seu efeito. Algumas eliminações podem ocorrer através da transpiração, da saliva e do leite materno. Certos anestésicos voláteis, como o halotano, podem ser eliminados pela expiração. A velocidade com que a droga é metabolizada varia de um indivíduo para outro.

Considerações de enfermagem para os fatores que alteram a ação da droga


1. Idade do paciente:
é um importante fator. Os idosos normalmente têm diminuição da função hepática e renal e da massa muscular. Em conseqüência, precisam de doses menores e algumas vezes longo intervalo na dosagem para evitar toxicidade. No entanto, recém-nascidos não têm desenvolvido o sistema metabólico enzimático, e a função renal é inadequada. Eles precisam de altas doses e cuidadosa monitorização.

2. Formas de administração:
alguns comprimidos são mais difíceis de o paciente engolir. O enfermeiro pode pedir ao médico para prescrever a mesma dose em suspensão; será mais fácil de ser absorvida totalmente. Quando uma droga com potencial de toxicidade é prescrita, o aumento da quantidade absorvida pode acusar toxicidade.

3. Vias de administração:
algumas drogas são rapidamente absorvidas pela via oral e mais lenta e irregularmente absorvidas pela via intramuscular. Outras drogas, por exemplo, devem ser administradas pela via intravenosa porque pela via oral não são totalmente absorvidas e não são capazes de tratar infecções sistêmicas.

4. Armazenamento da droga:
o armazenamento inadequado da droga pode alterar sua potencialidade. Muitas drogas devem ficar em caixas fechadas, protegidas de luz solar, altas temperaturas e umidade para não causar deterioração. Algumas requerem condições especiais de armazenamento, tal como refrigeração.

5. Hora certa da administração:
muitas vezes administrar a droga por via oral durante ou após a refeição pode diminuir a quantidade da droga a ser absorvida. No entanto, para drogas que causam irritabilidade na mucosa gástrica é recomendada administração durante ou após a refeição. Por exemplo, a tetraciclina não deve ser administrada às refeições porque o alimento pode inativar a absorção.

6. Considere peso e altura:
o médico precisa dessas informações para calcular a dosagem da droga. Registre idade, peso e altura.

7. Monitorize mudanças metabólicas:
monitorize alterações fisiológicas (depressão respiratória, acidose ou alcalose).

8. História do paciente:
registre história familiar, reações adversas a drogas, defeitos genéticos que possam alterar a resposta da droga, uso de drogas atualmente ou no passado, uso prolongado.

Interação da droga
A administração de uma droga em combinação com outra que altera o efeito de uma ou de ambas as drogas chama-se interação. Normalmente uma droga pode aumentar ou diminuir o efeito de outra inibindo ou estimulando o metabolismo ou a excreção. Uma droga pode, por exemplo, potencializar outra. Muitas vezes duas drogas com a mesma ação, quando aplicadas conjuntamente, aumentam o efeito e o resultado. Por exemplo, dois analgésicos administrados juntamente causam um efeito maior, aliviando uma dor intensa.

Algumas vezes a interação é usada para prevenir ou antagonizar certas reações adversas. Mas muitas interações não são benéficas: muitas drogas podem interagir e produzir efeitos indesejáveis e até prejudiciais ao organismo. Algumas interações são perigosas, podendo aumentar ou diminuir a eficácia da toxicidade.

Reação adversa
A intenção do efeito da droga é terapêutica, mas muitas vezes ela causa reação adversa. Pode ser esperada e benigna ou inesperada e potencialmente prejudicial ao organismo. As reações adversas são conhecidas como efeitos colaterais. Um exemplo é a sonolência causada por anti-histamínico.

Uma reação adversa pode ser tolerada ou prejudicial, caso em que é necessário suspender a droga. Às vezes certas reações adversas são minimizadas com o uso continuado da droga. Em muitos casos basta diminuir a dose, e a reação adversa desaparecerá.


A hipersensibilidade a uma droga pode ser fatal em muitos casos, pois leva o paciente ao choque anafilático; por exemplo, a penicilina e o cloranfenicol podem causar choque anafilático em pacientes hipersensíveis.


É importante ter conhecimento das condições clínicas do paciente para prevenir efeitos tóxicos. Seguindo esse caminho, podem-se reduzir os riscos de o paciente ter uma reação adversa grave. Reconhecer alergias ou reações sérias pode salvar vidas. Pergunte ao paciente se ele faz uso de medicação, ou se usou no passado e houve algum tipo de reação. Você deve relatar mudanças clínicas e metabólicas durante a internação e comunicá-las ao médico.

Reação tóxica
As reações crônicas tóxicas são geralmente causadas por efeitos cumulativos, resultado do excesso da droga no organismo. A toxicidade ocorre quando o nível da droga no sangue aumenta devido à ineficiência metabólica ou de excreção. Por exemplo, algumas drogas causam disfunção hepática, prejudicando o metabolismo da droga. Outras causam disfunção renal, prejudicando a eliminação via filtração glomerular. A toxicidade provocada pela droga pode ser prevenida e revertida. Monitorize cuidadosamente as mudanças fisiológicas e metabólicas do paciente. Oriente-o sobre os sinais e sintomas das reações tóxicas.

Administração da droga na gravidez
Desde 1950, quando a talidomida causou efeitos trágicos em milhares de crianças, o uso de drogas durante a gravidez tem sido uma séria preocupação. Para identificar drogas que causam efeitos teratogênicos, são realizados testes de laboratório em animais.

A placenta protege o feto de alguns efeitos da droga, mas não é totalmente segura. Muitas drogas atravessam a placenta e entram na circulação do feto. Isso não significa que a droga prejudicará o feto. Durante o primeiro e o terceiro trimestre, o feto estará especialmente vulnerável a drogas usadas pela mãe. Durante esse período qualquer droga deve ser usada cuidadosamente.


O período crítico em que pode ocorrer malformação fetal é o primeiro trimestre. Nesse período qualquer droga deve ser evitada. Outro período perigoso para o feto é o último trimestre. A razão é que, ao se aproximar o momento do parto, quando ocorre a separação da mãe, o sistema de metabolismo e eliminação do feto ainda não está totalmente desenvolvido. Nesse caso resíduos da droga levam um longo tempo para ser metabolizados, induzindo o efeito tóxico. Logo, só se faz uso de drogas durante o terceiro trimestre de gravidez em casos estritamente necessários.

Administração de drogas durante a lactação
Muitas drogas aparecem no leite materno. O nível da droga no leite materno tende a estar alto quando seu nível no sangue estiver alto. Oriente a mãe a amamentar antes de usar a droga. Em alguns casos a amamentação deve ser interrompida, conforme orientação médica. O uso indiscriminado de drogas deve ser evitado nesse período.

Enfermeiro, oriente o paciente
1. Armazenar a droga na caixa original, em temperatura ambiente ou geladeira, conforme orientação do fabricante, fora do alcance de crianças; protegê-la da luz solar, evitar locais com alta temperatura e umidade, porque pode haver deterioração.

2.
Informar o nome comercial da droga.

3.
Comunicar à enfermeira ou ao médico caso ocorram sinais e sintomas decorrentes do uso da droga.

4.
Ler sempre o rótulo antes de ingerir a droga. Usar a droga exatamente como foi prescrita: dosagem, horário e tempo do tratamento.

5.
Observar o prazo de validade da droga.

6.
Não misturar diferentes drogas no mesmo recipiente.

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