domingo, 31 de julho de 2011

Administração de drogas em pacientes idosos (AME)

Quando administramos drogas em pacientes idosos, precisamos entender as mudanças fisiológicas e farmacológicas que podem alterar a dosagem da droga, as reações adversas e os problemas de pacientes idosos. Mudanças fisiológicas afetam a atuação da droga. Com a idade, mudanças fisiológicas acontecem e podem alterar os efeitos terapêuticos e tóxicos da medicação.

A proporção de tecido adiposo e a massa total do corpo tendem a mudar com a idade; a parte líquida tende a diminuir e o tecido adiposo tende a aumentar, o que pode variar de pessoa para pessoa. Mas certamente essas mudanças no organismo afetam a concentração da droga.

Sistemas que são alterados com a idade
Sistema gastrintestinal: nos idosos a secreção de ácido gástrico diminui e a motilidade gastrintestinal (GI) fica lenta, dificultando o esvaziamento do estômago e do intestino. Alguns pesquisadores atribuem a baixa absorção da droga a essas mudanças.

Sistema hepático: com a idade, a capacidade de o fígado metabolizar certas drogas diminui. Isso ocorre devido à diminuição do fluxo sangüíneo no fígado, resultado da lentificação das atividades cardíacas, que reduz sua capacidade metabólica. A diminuição das funções hepáticas pode causar:
• aumento da intensidade do efeito da droga, devido a sua concentração no sangue;
• efeito prolongado da droga, devido à concentração prolongada no sangue;
• alto índice de toxicidade causado pela droga.

Sistema renal: embora a função renal do idoso seja normalmente suficiente para eliminar o excesso, a capacidade de eliminar medicações é reduzida em 50% ou mais. Muitas medicações são eliminadas pelo rim. Se a função dos rins está diminuída, o resultado é a alta concentração da droga no sangue, levando-a a provocar toxicidade.

A dosagem pode ser modificada para compensar a diminuição da função renal. Pelo teste de laboratório que dosa a uréia e a creatinina, o médico pode realizar o tratamento terapêutico sem correr riscos de toxicidade. Observe se o paciente apresenta sinais e sintomas de toxicidade.

Reações adversas da droga no idoso
A ocorrência de reação adversa no idoso é duas vezes maior do que em um paciente jovem, devido às mudanças fisiológicas.
Sinais e sintomas provocados pela reação adversa, tais como confusão mental, fraqueza e letargia, têm sido confundidos com senilidade. Se a reação adversa não for identificada, o paciente continuará a receber a droga.

Drogas que causam toxicidade:

diuréticos: devido à quantidade total de líquido diminuir com a idade, o uso de diuréticos pode resultar em perda de líquido, levando à desidratação. O diurético pode causar perda de potássio, provocando fraqueza. Pode aumentar o ácido úrico e a glicose no sangue, o que se complica caso o paciente tenha gota e diabetes mellitus;

anti-hipertensivos: muitos pacientes idosos sentem tontura quando usam anti-hipertensivos, em parte como resposta à arteriosclerose e diminuição da elasticidade dos vasos sangüíneos. O anti-hipertensivo reduz a pressão do sangue muito rápido, causando diminuição do fluxo de sangue no cérebro, o que pode provocar desmaio, tontura ou até um acidente vascular. Logo, é indicado diminuir a pressão de um paciente jovem para 120/85 mmHg; no entanto, para um idoso, é razoável diminuí-la para 150/95 mmHg;

intoxicação digitálica: como a função renal e o tempo de excreção sofrem alteração, a concentração da digoxina no organismo aumenta, acarretando um alto nível de digoxina no sangue, o que provoca a intoxicação. O alto nível de digoxina causa sintomas como náusea, vômitos, diarréia e sérias arritmias cardíacas. Para evitar sérios efeitos tóxicos, observe os sinais de perda de apetite, confusão e depressão;

intoxicação por corticóide: pacientes idosos podem sofrer retenção de líquido e manifestações psicológicas, tais como euforia e reação psicótica. O uso prolongado pode causar osteoporose. Monitorize o paciente para evitar intoxicação. Observe sinais de mudança de humor, mobilidade, cicatrização, distúrbio hidroeletrolítico;

sedativos e calmantes: podem causar sedação excessiva e sonolência residual.

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